Economia Criativa é debatida na Comissão de Cultura da Câmara
Carente de um lugar para chamar de seu, a moda aparenta haver encontrado uma plataforma de inserção nas políticas governamentais, encabeçadas pela Economia Criativa, representada na ocasião pela Secretária Cláudia Leitão, que responde pela pasta no Ministério da Cultura.
A lista de convidados incluiu representantes dos ministérios da Cultura, do Desenvolvimento da Indústria e Comércio, da Frente Parlamentar em Defesa da Confecção e Indústria Têxtil, deputados e representantes de entidades ligadas ao tema.
As preocupações que rondam as cabeças da moda no Brasil estiveram igualmente presentes no debate de quase duas horas de duração que teve transmissão ao vivo na internet. Questões como a pouca representatividade da moda na pauta das prioridades de políticas públicas no Brasil, a pesada taxação imposta à produção nacional que resulta em preços inacreditavelmente altos foram debatidas assim como a concorrência desleal com a invasão das marcas estrangeiras em solo brasileiro, a questão da formação nos mais diversos níveis e especificidades na cadeia produtiva, a escassez de mão-de-obra especializada, a complexa e inesgotável questão da brasilidade no que diz respeito à identidade de linguagem da moda produzida aqui.
Um ponto muito relevante levantado por Graça Cabral, diretora do Instituto Nacional de Moda e Design IN-MOD, criadora e organizadora do São Paulo Fashion Week, questiona o que pretende a Economia Criativa no país. “A gente tem que definir se vai ser fornecedor ou se a gente vai vender criatividade, que é o que a gente tem de sobra. Quer dizer, apostar na criatividade, valorizar a criatividade, mas tem que dar condições pra isso e uma das coisas mais caras que tem hoje no preço da roupa é a mão-de-obra”, diz.
E a qualificação dessa mão-de-obra é o denominador comum de todos os discursos. O Brasil definitivamente não tem políticas públicas que qualifiquem profissionais de economia criativa para que nos tornemos competitivos no mercado global. “Não podemos mais ser amadores. Não podemos mais oferecer produtos de qualidade inferior. Nós precisamos qualificar as pessoas não somente para os setores técnicos da cadeia produtiva, mas também para a gestão de empreendimentos. Tratar realmente o negócio da moda como um negócio”, diz a secretária Cláudia Leitão.
A deputada Jandira Feghali propôs aos participantes a produção de um documento que subsidie o colegiado e ao Executivo, com informações que viabilizem a efetivação de políticas e programas que estão parados. A secretária do MinC comprometeu-se a enviar à Comissão, no prazo de 15 dias, um documento com as propostas legislativas do Ministério, assim como os representantes da sociedade civil, que também assumiram o compromisso de encaminhar um documento com suas demandas.
Participaram ainda do Expresso 168 o deputado José Stédile (PSB/RS), o coordenador-substituto de Competitividade Industrial e Desenvolvimento Sustentável – Programa Brasileiro de Design do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Demétrio Toledo; a assistente de Relações Governamentais da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Bárbara Layza Ramalho dos Santos e representando a cadeia acadêmica, Marco Antonio Vieira.