Novo primeiro-ministro da Autoridade Palestina manterá agenda de Abbas
O presidente da Autoridade Palestina (AP) Mahmoud Abbas indicou Rami Hamdallah, presidente da Universidade Nacional Najah, na noite de domingo (2), para formar um novo governo, depois de o primeiro-ministro Salam Fayyad ter se demitido. Hamdallah, um independente, aceitou o convite para o cargo e disse que seu governo seguirá a agenda política e o programa de Abbas. Representantes dos EUA e da União Europeia emitiram declarações positivas sobre a escolha nesta terça-feira (4).
Rami Hamdallah foi indicado pelo presidente palestino Mahmoud Abbas no domingo (2) como o novo primeiro-ministro do seu governo, após a demissão de Salam Fayyad. Fayyad e Abbas mantinham divergências significativas há algum tempo, e o primeiro-ministro já havia dito a Abbas no ano passado que queria deixar o cargo. Hamdallah formou-se em Linguística no Reino Unido, em 1988, na Universidade de Lancaster. Logo depois, voltou para Nablus, na Cisjordânia, para ensinar na Universidade de Najah, onde chegou à presidência em 1998.
O indicado também foi secretário-geral da Comissão Central de Eleições desde 2002 e serviu como presidente do conselho da Palestine Exchange (bolsa de valores) desde outubro de 2008, e antes disso, de 2003 a 2006.
Ele também tem várias atividades acadêmicas, é membro do conselho da Fundação Yasser Arafat e participa em várias organizações acadêmicas locais, árabes e internacionais, além de ter escrito livros e artigos sobre linguística e educação.
Apoio internacional e negociações
O secretário de Estado dos EUA John Kerry parabenizou Rami Hamdallah pelo novo cargo de primeiro-ministro, e disse que sua indicação “vem em um momento de desafio, o que é também um importante momento de oportunidades”.
Em declaração emitida pelo Departamento de Estado norte-americano, Kerry afirmou ainda que “juntos, podemos escolher o caminho de um acordo negociado para dois estados que permitirá aos palestinos cumprir suas aspirações legítimas, continuando a construir instituições para um Estado palestino soberano e independente que viverá em paz, segurança e força econômica ao lado de Israel”.
Os Estados Unidos têm afirmado um papel de mediador entre a Palestina e Israel, embora mais evidente seja o apoio incondicional ao governo israelense, que torna a solução de dois Estados mais improvável a cada dia com diversas medidas de ocupação do território palestino.
Também a União Europeia (UE), através da sua secretária de Política Exterior Catherine Ashton, congratulou o novo premiê. Catherine disse estar ansiosa por tabalhar com ele. “O senhor Hamdallah foi indicado como primeiro-ministro em um momento em que há uma oportunidade real para um processo de paz renovado, mas também em um momento de escolhas difíceis e de desafios aos palestinos”, afirmou.
Além disso, na mesma direção em que a declaração de Kerry foi encaminhada, Catherine ressaltou a segurança dos vizinhos da Palestina: “Espero trabalhar de perto com o Dr. Hamdallah e apoiar o trabalho contínuo para a construção de instituições para um futuro Estado palestino soberano e independente, baseado no respeito por democracia e pelos direitos humanos, e que viva em paz e segurança com os seus vizinhos”.
Ainda durante o mandato do primeiro-ministro anterior, Salam Fayyad, o Banco Mundial, a ONU e outras organizações internacionais reconheceram o trabalho sólido da Autoridade Palestina no fortalecimento de instituições de governança e a capacidade construída já eficiente de um governo democrático e independente, apesar das dificuldades econômicas extremas impostas pela ocupação israelense, também reconhecidas internacionalmente desta forma.
Países como o Reino Unido e Alemanha são exemplos de membros individuais da UE que já congratularam Hamdallah pela indicação, ressaltando a continuidade ao trabalho de Fayyad como uma “política bem-sucedida” para a “construção de instituições estatais no Território Palestino e na busca por soluções construtivas nas relações com Israel”.
Entretanto, as dificuldades administrativas, econômicas e sobretudo as violações de direitos humanos institucionalizadas pela ocupação militar e civil de Israel sobre os territórios palestinos não foram mencionados, embora sejam os “desafios” mais evidentes e estruturais dos sucessivos governos palestinos, tanto em contexto de negociações quanto cotidianamente.
Publicado no Vermelho com informações da agência de notícias palestinas Wafa