“A intervenção na Síria só piorará as coisas”
A luta ali se trava entre forças financiadas e armadas por padrinhos externos, especialmente a Arábia Saudita, o Qatar e o Irã. Há também em luta grupos religiosos que os padrinhos não controlam, a saber os salafitas sunitas e milícias aliadas ao Irã, além de combatentes ferozmente antiocidentais. O envolvimento dos americanos simplesmente mobilizará os elementos mais extremistas, contra os EUA, e cria o perigo de o conflito respingar, e pôr fogo na Jordânia, no Iraque e no Líbano.
Esse risco aumentou com o recente ataque de Israel contra alvos dentro do território sírio. Seja qual for a justificativa, os ataques geram, entre os árabes, a sensação de que há um complô externo contra todos eles. Essa impressão só se confirmaria, no caso de os EUA entrarem na luta, sugerindo que há uma aliança de fato, de EUA-Israel-Sauditas – o que serviria bem aos interesses dos extremistas.
A ampliação do conflito regional poderia pôr EUA e Irã em conflito direto, empreitada que exigiria grande envolvimento militar dos EUA. Um confronto EUA-Irã, associado à crise síria, levaria a área de guerra até o Afeganistão. A Rússia muito se beneficiaria, com os EUA envolvidos profundamente em guerra no Oriente Médio. E a China tampouco apreciaria ver os EUA a desestabilizarem a região, porque Pequim precisa de acesso estável à energia do Oriente Médio.
Para minimizar todas essas consequências potenciais, a intervenção militar dos EUA teria de ser amplíssima, para obter resultados relativamente rápidos, o que obrigaria a usar força esmagadora. Para isso, seria indispensável o envolvimento direto da Turquia, que parece pouco provável, dadas as dificuldades internas na Turquia, particularmente as complexas relações com a substancial minoria curda.
Os vários esquemas que apareceram propostos, para uma espécie de intervenção aos piparotes, das margens do conflito – zonas aéreas de exclusão, bombardear Damasco e outras do mesmo tipo – só conseguirão tornar ainda pior a situação [que já está ruim que chegue. Zbig não diz, mas… só faltou escrever! Nenhuma dessas propostas resultará em resultado estrategicamente benéfico para os EUA. Ao contrário, produziriam movimento ainda mais complexo, em direção a cenário ainda mais difícil. A única solução é buscar o apoio de China e Rússia, para eleições na Síria, supervisionadas pela ONU. E nas quais, se os EUA tiverem sorte, talvez consigam “persuadir” Assad a não concorrer.
8/4/2013, Time
http://swampland.time.com/2013/05/08/syria-intervention-will-only-make-it-worse/