EUA reconsideram armar oposição na Síria
O secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, afirmou nesta quinta-feira (02/04), em entrevista coletiva no Pentágono, que o governo norte-americano passou a repensar sua oposição em armar os grupos armados sírios de oposição, que lutam pela deposição do regime de Bashar al Assad. O governo norte-americano se comporta como se já não estivesse financiando mercenários e terroristas contra o governo sírio, favorecendo o sectarismo e o controle religioso daquele país.
A mudança de estratégia pode ocorrer, segundo o secretário, em razão das “suspeitas” levantadas por serviços de inteligência dos EUA, Reino Unido e Israel (todos adversários políticos de Al Assad) que o governo sírio teria utilizado armas químicas – mais especificamente a substância sarin – contra os opositores e a população civil. As acusações sem provas foram tornadas públicas no último dia 25 e podem significar uma maior interferência dos Estados Unidos no conflito, exatamente como os movimentos feitos em relação ao Iraque, antes da ocupação militar. O governo de Israel chegou até mesmo a sugerir que os aliados internacionais invadissem a Síria a favor dos rebeldes.
Segundo Hagel, “diversas opções estão sendo estudadas”. “Você analisa e repensa todas as opções. Isso não significa que você faz ou que você vai” escolhê-las, disse Hagel. “Estas são opções que devem ser consideradas com os parceiros, com a comunidade internacional: o que é possível, o que pode ajudar a realizar [nossos] objetivos”, acrescentou.
Já o secretário de Defesa do Reino Unido, Philip Hammond, que acompanhava Hagel na entrevista, afirmou que o governo britânico ainda não entregou armas aos rebeldes, mas que não descarta essa possibilidade. Todos esses governos ocidentais estão pressionando Rússia e China para tirarem o apoio a Assad, o que desencadearia uma intervenção como aquela da Líbia, que derrubou Kadafi, apesar da resistência interna.
O conflito sírio, iniciado em abril de 2010, no auge das revoltas conhecidas como Primavera Árabe, já causou mais de 70 mil mortes. Ao contrário dos demais países, onde os governos caíram por pressão interna, na Síria ficou claro que o conflito vinha de fora, por meio de estímulos ocidentais, gerando uma resistência maior do povo sírio aos invasores e evitando a queda do presidente.
(*) com agências de notícias internacionais