O TSJE (Tribunal Superior de Justiça Eleitoral) do Paraguai anunciou nesta sexta-feira (19/04), a dois dias das eleições gerais no país, o cancelamento de um acordo com a Setic (Secretaria de Tecnologias de Informação e Comunicação), órgão diretamente subordinado ao presidente Federico Franco. A razão para o rompimento, segundo a entidade eleitoral, é o vazamento de informações confidenciais para os partidos políticos.

“A Setic violou um acordo de confidencialidade. A avaliação deles estava com os partidos políticos antes de chegar a nós”, afirmou, em entrevista coletiva, o assessor da Presidência do TJSE, Carlos Maria Ljubetic.

Segundo ele, o rompimento não afetará a eleição deste domingo (21/04), nem coloca em dúvida a transparência do pleito, pois a secretaria “era apenas um dos observadores que acompanham o processo ”. “O perigo verdadeiro para todo país seria se não cancelássemos o acordo”.

Ljubetic, que não quis responder se algum partido em especial havia sido favorecido pelo recebimento do relatório da Setic, disse que “o importante é que nenhuma senha foi divulgada”.

Compra de votos

Na reta final da campanha, os dois maiores partidos do país, o Colorado e o PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico), se veem envolvidos em acusações de corrupção.

Na edição desta quinta-feira (18/04), o jornal ABC Color divulgou um vídeo em que o senador colorado Silvio Ovelar oferece 100 mil guaranis (cerca de R$ 48) a cada voto para o partido, cujo candidato presidencial, Horacio Cartes, é favorito para vencer no domingo. Para apurar a denúncia, o Senado paraguaio realiza hoje, às 15 horas locais (16 horas de Brasília) uma sessão extra.

No último comício antes da eleição, na noite desta quinta-feira (18/04), o principal adversário de Cartes, Efraín Alegre, do PLRA, o mesmo de Federico Franco, fez referência indireta ao episódio. “Estão enganados aqueles que querem comprar vontades, porque o povo paraguaio não se vende.”

O PLRA, por sua vez, é acusado de, por meio do presidente Franco, comprar o apoio do partido Unace (União Nacional dos Cidadãos Éticos), do ex-general Lino Oviedo, morto em fevereiro deste ano. Segundo a imprensa local, a aliança eleitoral, anunciada há duas semanas, foi firmada pouco depois da compra, por parte do governo, de terras superfaturadas que pertenciam a líderes oviedistas. O presidente do Congresso, Jorge Oviedo Matto, renunciou ao cargo após a divulgação dessa suspeita de favorecimento.

A transparência do pleito deste domingo é a exigência  fundamental do Mercosul e da Unasul (Uniao das Nações Sul-Americanas) para acabar com a suspensão ao Paraguai em ambos os blocos. O país foi punido após o presidente Fernando Lugo ser destituído em junho de 2012 por meio de um golpe de Estado.