A Guerra foi declarada
	Edição da noite! Da Noite! Da noite!
	Itália! Alemanha! Áustria!
	Sobre a praça apertada numa sinistra faixa
	escorre, purpúrea, a torrente de sangue.
	Em sangue está a boca de um café,
	purpúrea também pelos uivos das feras:
	O veneno do sangue nas volutas do Reno!
	O trovão do obus sobre o mármore de Roma!
	Do céu, pelos dardos das baionetas rasgado,
	caíram  as lágrimas dos astros, farinha peneirada,
	e a piedade, esmagada pelo tacão, gemia :
	Ah, deixai-me, deixai-me ! deixai-me!
	Os generais de bronze sobre os seus pedestais
	suplicavam: Soltem-nos, também nós queremos ir!
	A cavalaria caracolava, estalavam beijos,
	a infância ardia no desejo da vitória-assassina
	A cidade apinhava garganteava em sonhos
	a gargalhante voz de baixo do canhão,
	enquanto a neve tombava, vermelha, do oeste,
	ressumantes pedaços de uma carniça humana.
	Companhias chegavam e a praça ia inchando,
	sobre a sua testa, as veias, de cólera iam inchado.
	Já vão ver, nós havemos de limpar nossos sabres
	à seda das mundanas, às avenidas em Viena.
	Vendedores de jornais bradavam: Edição da noite!
	Itália! Alemanha! Áustria!
	Enquanto da noite apertada numa sinistra faixa
	ia escorrendo a púrpura do sangue.
	Maiakóvski – Coleção forma
	Autobiografia e poemas
	Tradução Carlos Grifo