Comunistas destacam protagonismo de Amazonas e Grabois
“Que o exempo de vida de Amazonas ilumine os caminhos da luta do povo brasileiro pela liberdade e pelo socialismo”, desejou o secretário-geral da Fundação Maurício Grabois, Augusto Buonicore, em dedicatória escrita na noite de ontem em um exemplar do livro Meu Verbo é Lutar, a vida e o pensamento de João Amazonas, que foi lançado durante o coquetel oferecido aos presentes à sessão solene.
Ao lado dele, o jornalista Osvaldo Bertolino também autografava o livro Mauricio Grabois – uma vida de combates e destacava a prática política e a conduta de vida de Grabois e a importância de se iluminar essa referência para os comunistas e para a trajetória política da atual geração.
Amazonas e Grabois cultivaram grande amizade, alimentada pela atividade militante. Bertolino conta que Amazonas conservou por muito tempo, em sua sala, na velha sede do PCdoB na rua Major Diogo, em São Paulo, um quadro com a foto do comandante do Araguaia destacado das demais fotografias.
Em 2002, a família de Amazonas cumpriu o último desejo do velho comunista e jogou as cinzas dele sobre a região do Araguaia, berço da resistência onde tombou Maurício Grabois.
Uma geração que resistiu e influenciou
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, foi o primeiro a falar na solenidade. Disse que Amazonas e Grabois extrapolaram a atuação política para além da geração em que iniciaram a militância, nos anos 1930. Rabelo citou a conferência da Mantiqueira, que reestruturou a direção nacional do Partido em 43 e a reorganização do PCdoB em 62, como marcos do protagonismo de Grabois e Amazonas.
“A trajetória deles mostra a natureza desse partido revolucionário que enfrentou a legalidade e a ditadura com expressão política. São grandes personalidades políticas que vão além do partido. O povo merece conhecer Grabois e Amazonas”, definiu Rabelo.
Ele destacou a capacidade política de Amazonas em defender a reflexão sobre a derrota do socialismo na URSS e no Leste Europeu mas sem capitular. Com a mesma convicção também defendeu a ida ao Colégio Eleitoral para dar um passo rumo à democratização.
“Amazonas não se rendeu e foi adiante defendendo os princípios. A disputa no Colégio Eleitoral era o possível de realizar e abriu caminho para a candidatura de Lula”, lembrou Rabelo.
Postura revolucionária e estratégica
“O João Amazonas foi a primeira pessoa a me convencer de que em política a gente não realiza apenas o desejo que a gente tem, a gente realiza aquilo que é possível realizar”. O depoimento é do ex-presidente Lula e faz parte do vídeo Companheiros, produzido especialmente para a comemoração dos centenários de Amazonas e Grabois e exibido na sessão solene.
A fala de Lula foi dita no 11º congresso do PCdoB em 2005. Amazonas faleceu em maio de 2002 e não viu a chegada do ex-operário à Presidência da República. Mauricio Grabois, considerado pelo escritor Jorge Amado, de quem era amigo, o de maior vocação parlamentar, comandou durante a ditadura militar o movimento armado Guerrilha do Araguaia, morrendo, em combate, em 1973.
Luta em todas as trincheiras
“A liberdade que o povo usufrui hoje no Brasil é parte da obra de Amazonas e Grabois”, afirmou o vereador Jamil Murad (foto), que propôs, juntamente com o vereador Netinho de Paula, a sessão solene. Jamil, que conheceu Amazonas e participou com ele de diversas atividades partidárias, definiu o comunista como “o mais completo dos comunistas do povo brasileiro”.
“Ele participou ativamente da luta política e da luta de ideias. Ele tinha a convicção que o partido comunista era indispensável para a chegada dos trabalhadores ao poder e dedicou a vida a essa tarefa”, analisou Jamil.
Quase ao final da sessão Jamil foi homenageado com uma placa comemorativa e também com um poema, escrito na hora, por Elder Vieira dos Santos, da representação estadual do Ministério do Esporte em São Paulo, e recitado por Camila Lima, presidente municipal da UJS, que entregou a placa a Jamil.
Um dos últimos depoimentos da sessão foi o do ex-ministro Orlando Silva. Ele se declarou emocionado com a lembrança dos mártires do PCdoB. “Eu pude estar perto do João aprendendo com as ideias de como o marxismo poderia ser reelaborado considerando a realidade brasileira”, disse Orlando.
“Eles lutaram em todas as frentes: de arma na mão, na luta de ideias, no parlamento. E esse compromisso está nas novas gerações de comunistas e é por isso que estamos aqui porque a memória do PCdoB é a memória do povo brasileiro”, concluiu.
Representatividade
Estiveram presentes na sessão solene Luis Gabriel, do PSB; deputado federal Eymael, do PSDC; José Luis Del Roio, do instituto Astrojildo Pereira; vereador José Police Neto, presidente da Câmara Municipal de São Paulo.
Também participaram da mesa que dirigiu a sessão, o vereador Netinho de Paula; a vereadora do PCdoB de Guarulhos, Luiza Cordeiro; Wander Geraldo, presidente municipal do PCdoB; Maria José, a Lia, representando a Conan; Ana Martins, UBM; Nivaldo Santana, CTB; Alexandre Cherno (UEE-SP) e João Paulo, da direção do MST.
Além de membros do secretariado do Comitê Estadual, assistiram à sessão vereadores recém-eleitos pelo PCdoB das cidades de Peruíbe e São Bernardo, lideranças dos movimentos comunitário e de mulheres da Grande São Paulo. Houve saudação especial aos militantes históricos Valter Martins, o Pepe, e Dyneas Aguiar, que participaram da reorganização do partido em 62.
Claudia Grabois, sobrinha-neta de Maurício Grabois, representou a família do homenageado. Helena, Zélia, João, filhos de João Amazonas e Edíria, acompanharam a sessão ao lado dos filhos e filhas (foto). Dolores Arroyo, Camila Arroyo, Nancy Arroyo e Nancy Figueiredo da família de Angelo Arroyo também estiveram na sessão assim como Eduardo Pomar, filho de Pedro Pomar.
Fonte: Portal Vermelho