O acerto de Dilma e o “Custo Brasil”
Na média trata-se de uma redução de 20%, sendo que para a esfera da produção é de 28%. Esta medida não se encerra em si. A pauta da competitividade de nossa indústria ganhou amplo espaço desde o momento em que os Estados Unidos imputaram ao mundo uma guerra cambial, de caráter quase selvagem. Pode-se discutir sobre a velocidade e o tempo com que as medidas de defesa de nossa indústria têm ocorrido. Mas o fato é que o governo tem reagido em concordância com uma correlação de forças objetiva.
Produtividade e competitividade, em economia, são como um binômio. Aí está o alcance estratégico da redução das tarifas de energia elétrica. Sem energia elétrica barata e acessível é impossível o aumento da produtividade do trabalho e de consumo do povo. Sem produtividade do trabalho não existe competitividade. E a produtividade do trabalho e a competitividade industrial somente são possíveis nos marcos do aumento da taxa de investimentos com relação ao PIB.
Neste sentido é bom demarcarmos fronteira com a essência reacionária de determinados discursos sobre o chamado “Custo Brasil”. Não são os encargos trabalhistas ou direitos sociais conquistados que travam o desenvolvimento de nosso país. Ao contrário, são esses direitos que mantém alguma capacidade de consumo. O problema é de outra natureza. É de aumentos dos investimentos via aumento de crédito e redução da carga fiscal sobre a produção. E é isso o que Dilma tem feito.
Economia em resistência, projeção de crescimento mais robusto para o próximo ano. O processo deve ser tomado em seu conjunto. No conjunto existem dois processos em marcha: o do enfrentamento gradual dos problemas que envolvem nossa economia, e o do acúmulo de forças político em torno de um claro discurso desenvolvimentista.
O epílogo desta luta ainda não está dado. A macroeconomia é determinante, logo, a taxa de juros precisa cair mais, o câmbio necessita caminhar a patamares mais coerentes com o nosso desenvolvimento e o fluxo de capitais externos precisa de algum controle. A racionalidade demanda compreender a complexidade de nosso país, onde as transformações são conseqüência de intensa luta política e que cada vez mais as transformações qualitativas dependem de ampla participação popular. É com este prisma que saúdo, mais uma vez, a disposição do governo com mais esta medida de caráter essencial. Desenvolvimento e energia elétrica são quase a mesma coisa. Acabou o tempo da vergonha nacional do “apagão”.