Também cresceu o comparecimento às urnas no país onde o voto não é obrigatório. Em 1998, 6,5 milhões de eleitores votaram, 59% do total de registrados. No último pleito à presidência, em 2006, esse número subiu para 11,7 milhões, o equivalente a 74,5% dos 15,7 milhões de aptos a votar.

De acordo com o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arvelaiz, a expectativa para as eleições de 7 de outubro deste ano é alcançar 80%. “Não estamos falando de um povo apolítico, que não está interessado em seu futuro”, apontou o embaixador, em coletiva de imprensa sobre o processo eleitoral venezuelano.

Além do crescimento populacional e da politização da sociedade pós-revolução bolivariana, os crescimentos do contingente e da presença eleitoral se devem também aos esforços do Estado para fornecer os devidos documentos e para descentralizar os locais de votação. Dados do governo apontam que esforços como a Misión Identidad permitiram que o número de pessoas com idade para votar, mas não registradas, diminuísse de 20% em 2004 para 3,5% em 2012.

A abertura de novos locais de votação fez com que o processo eleitoral se aproximasse de comunidades urbanas e rurais tradicionalmente excluídas. Em 2000 eram 8.278 centros de votação com 7 mil mesas. Em 2012 esses números chegarão a 14.055 e 38.266, respectivamente.

Segurança

Outro avanço registrado durante o governo Chávez é o sistema de urnas eletrônicas integrado ao sistema de registro biométrico, que identifica cada eleitor por meio de sua impressão digital. “Os mortos já não votam na Venezuela”, ironizou Arvelaiz. O Sistema Automatizado de Votação (SAV) é auditado pelos partidos políticos e observadores internacionais e está sendo exportado para a Índia e a Coreia do Sul.

De acordo com a presidenta da CNE, Tibisay Lucena, as provas de segurança mais contundente do SAV foram as votações do referendo constitucional em 2007 e das eleições parlamentares de 2010, nas quais os resultados foram apertados, mas respaldados por todas as partes envolvidas na disputa.

A Mesa de Unidade Democrática (MUD) – agrupação política que sustenta a candidatura do principal opositor de Chávez nessas eleições, Capriles Radonski – solicitou ao CNE a utilização do SAV e por meio dele realizou a o processo de escolha de seu candidato.

Uma comitiva da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e convidados de todos os partidos envolvidos na disputa serão observadores das eleições deste ano.

A eleição

Além de Chávez, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e Capriles (MUD), outros cinco candidatos estão no páreo pelo mandato de seis anos: Reina Sequera (Poder Laboral), Luis Reyes (Organização Renovadora Autêntica), Orlando Chirino (Partido Socialismo e Liberdade), Maria Bolivar (Partido democrático Universal pela Paz e Liberdade) e Yoel Acosta Chirinos (Vanguarda Bicentenária Republicana).

Será eleito o candidato como maior número de votos, ainda que este não alcance os 50%. Não há segundo turno. O resultado deverá ser anunciado ainda na noite do dia 7 de outubro e a posse acontecerá em 10 de janeiro de 2013.

A pesquisa do International Consulting Services (ICS) divulgada na última sexta-feira (07) indica que Chávez possui 57,3% das intenções de voto, enquanto Capriles tem 33,1%.

Na pesquisa do Instituto Hinterlaces, divulgada na quinta-feira (06), Chávez aparece com 61,3% e Capriles com 38,7%, excluídos os indecisos, votos nulos e brancos. O instituto ainda informa que 18% dos eleitores ainda não tem candidato e que 67% avaliam o governo de Chávez com bom ou muito bom.

A campanha iniciada em 1º de julho terminará no dia 4 de outubro. O pleito para o poder legislativo nacional – a Assembleia Nacional venezuelana, que segue o modelo unicameral – aconteceu no final de 2010. Os deputados tem um mandato de 5 anos.

Em 16 de dezembro acontecerão as eleições para governadores e deputados estaduais. Os prefeitos e os poderes legislativos municipais serão escolhidos em abril de 2013.

Voto no exterior

Os venezuelanos fora do país com devido registro eleitoral poderão votar em embaixadas e consulados entre às 6 horas da manhã e às 18 horas da noite, de acordo com o fuso horário local, do dia 7 de outubro. No Brasil vivem aproximadamente 8 mil venezuelanos. A maior colônia está em São Paulo onde cerca de 500 pessoas devem votar, segundo o embaixador.

Fonte: Carta Maior