Na sessão inaugural, Leocir Costa Rosa representou a Fundação Maurício Grabois, e Iole Ilíada Lopes, foi pela Fundação Perseu Abramo, assim como Mara Iliana Cruz, falou em nome do Departamento de Formação Política do PRD-Mexico, Pastrana e José Roa Rosas, foram os integrantes da Comissão Executiva do PT México, juntamente com a Secretaria Executiva do Foro de São Paulo, Monica Valente (PT/Brasil).

Foi informado que o objetivo da realização do V Seminário  e do temário era aprofundar a reflexão dos movimentos promovidos pela direita dos diferentes países, que têm um objetivo comum: o de dar fim ao ciclo virtuoso de ascensão de governos de esquerda nos países da região. Este ciclo progressista começou com a eleição de Hugo Chavez à presidência da Venezuela, em 1998, seguido pela eleição de Lula no Brasil, e ainda com a ascensão de governos de esquerda e progressistas na Bolívia, Equador, Paraguai, El Salvador, Nicarágua, Argentina e Uruguai, promovendo uma ruptura com as políticas entreguistas e neoliberais, e diminuindo sobremaneira a influencia dos Estados Unidos e Europa na região.

Monica Valente resgatou a importância para o Foro de SP, da realização deste Seminário, diante da conjuntura em vários países da região. Diante desse cenário, é fundamental a elaboração e reflexão para orientar a resistência e o avanço da esquerda nos  países.

Esse ciclo virtuoso, em menos de 15 anos, transformou esta região do mundo como possibilidade de construção de um projeto alternativo de esquerda. Projeto que afirma a soberania dos países e implanta políticas sociais que promoveram a incorporação de vastas parcelas da população a acesso a emprego, educação e consumo de bens e serviços antes disponíveis para uma minoria.

El Salvador
Manuel Alberto Enríquez Villacorta, diretor geral de Transformação da Secretaria Técnica da Presidência da República de El Salvador, analisou os desafios do governo de El Salvador para resgatar o estado, vitimado pelas politicas neoliberais e pelo Consenso de Washington. O maior desafio foi recolocar e retomar o papel do  estado para agir em defesa de quem realmente precisa e não das corporações que exploravam o país.

Quando há propostas de alteração das políticas, se cria grande expectativa na população e o desafio é obter e promover uma gestão pública realizadora de algumas das expectativas e promover a participação do povo.  Em El Salvador os atores sociais foram chamados para junto com o Estado colocar em marcha todos os meios para promover o desenvolvimento econômico e a justiça social.

No entanto, a oposição colocou todos os instrumentos para promover uma “guerra econômica”. Os bancos e os setores financeiros apostavam contra o governo. Os instrumentos institucionais como a Corte Suprema foram acionados para criar dificuldades e embaraços a medidas promovidas pelo governo e os grupos empresariais promoveram diversas formas de sabotagem. Mas a ofensiva do FMNL com lastro nos movimentos sociais tem conseguido superar as armadilhas e o Estado começa a obter êxito na implementação de políticas sociais e nesse enfrentamento com os poderes opositores.

Em El Salvador a juventude representa 67% da população e isso foi fundamental para a luta pelos avanços na esquerda. É preciso investir na formação de toda essa geração para garantir êxitos no futuro.

Argentina
Angel Petriella, secretário de Relações Internacionais do Partido Solidário da Argentina, fez breve relato do surgimento do kirschnerismo com a ascensão do Partido Judicialista, após a maior crise da história da Argentina. O colapso econômico foi fruto da desastrada atuação de Carlos Menen, deixando um saldo de pobreza que atingia 53% da população, indústrias e fábricas fechadas, produção agrícola e produtores falidos, com dívida 10 vezes maior que o PIB.

Ma eleição de 2003, Nestor Kischiner consegue resgatar a autoestima do povo argentino, através da implementação de seis pontos de ação para superar as dificuldades naquele momento:
1 – Implementação de politicas afirmativas do papel do estado e rompendo com o neoliberalismo e com as receitas do FMI;
2 – Politica de direitos humanos com  ação baseada na Memoria, Verdade e Justiça, abrindo processos e encarcerando torturadores, sem criminalizar os movimentos sociais e desmontando aparatos repressivos.
3 – Ruptura das relações carnais com EUA – Não à Alca – conceito de Soberania Integral;
4 – Busca do desenvolvimento com políticas sociais reparatórias;
5 – Ampliação da democracia politica – todos os partidos tiveram acesso à televisão
6 – Reforma da mídia.

Isso também gerou dura reação de setores rentistas e de oposição, aliados a interesses estrangeiros na Argentina.

Após um período muito atribulado, as eleições municipais fizeram com que o principal candidato de oposição prometesse manter as politicas sociais e as conquistas econômicas. Isso deverá ter um papel decisivo nas eleições de outubro. Há confiança de que é possível derrotar novamente a direita.

Venezuela
Julio Chávez, deputado do Partido Socialista Unido da Venezuela, se concentrou em apontar a articulação da direita na Venezuela, que logo após a eleição de Nicolás Maduro, tentou todos os meios de sabotagem para derrubar o governo, após uma vitória apertada.

As manifestação criminosas promoveram a morte de 42 venezuelanos. Foram incendiadas várias Universidades e inúmeras outras sabotagens com apoio de setores empresariais.

Internacionalmente, a pressão dos EUA para aumentar a produção de petróleo fez com que os preços baixassem a um dos menores níveis da história do preço do petróleo. Isso também agravou muito a situação econômica do país. As sabotagens envolvem o desabastecimento, muitas vezes provocado pelos próprios empresários.

Há inúmeros êxitos, como na regularização de pensões previdenciárias, na construção das vivendas populares (mais de 700 mil moradias) desde o início do governo. Há um ofensiva para aumentar a produção em todos os setores da economia.

A disputa para ganhar a eleição em dezembro de 2015 é muito acirrada.

Brasil
Ricardo “Alemão” Abreu, Secretário de Relações Internacionais do PCdoB, iniciou sua apresentação situando que esse movimento de contraofensiva não é localizado e que tem caráter internacional. A luta contra os governos de esquerda é mundial, pois o capitalismo e as oligarquias financeiras têm interesses mundiais e atuam de modo sistêmico. “O imperialismo estadunidense eleva a agressividade para tentar conter sua trajetória de declínio relativo e manobra buscando relançar sua hegemonia.”

A crise iniciada na maior economia do planeta e que atinge a Europa, agora chegou com mais força aos países em desenvolvimento, o que exige novas táticas.

Há, sem dúvida, uma instrumentalização da mídia e do poder judiciário para criminalizar a esquerda. Embora os processos eleitorais sejam legislados pela direita – a mesma que sempre se serviu de mecanismos como o financiamento privado das eleições -, agora tenta impingir à esquerda a responsabilidade pelos desvios e desencontros do sistema que ela mesmo criou. “Utilizam variados meios e novas e velhas táticas, como a guerra midiática, a guerra econômica, a judicialização da política, os intentos de golpe de Estado, as ameaças de agressão militar, o apoio e o financiamento externo da oposição, dentre outros, para tentarem lograr as mudanças de regime que almejam”, disse ele, citando Brasil, Argentina e Venezuela, como exemplos desse tipo de expediente das elites econômicas.

Alemão registrou ainda que não se pode fazer uma avalição triunfalista ou derrotista, uma vez que, até agora, a esquerda vem se saindo vencedora em todas as disputas eleitorais de que participou. A vitória a essa contraofensiva é possível, desde que ajustemos a tática e resistamos às investidas da direita. Para isso é preciso ser realista e falar a verdade para a população, defender nossas conquistas, apontar as insuficiências e as razões para as limitações e apontar as saídas, com mais democracia e mais integração no âmbito regional.

Como ofensiva contra essa reação direitista, ele lança as propostas de:
1 –  Acelerar  o processo de integração regional do continente;
2 – Buscar promover a unidade de ação na implementação dos projetos políticos entre os governos de esquerda e os membros do Foro de São Paulo;
3 – Partir do caráter nacional da resistência, sem perder o objetivos regionais e internacionais, pois a contraofensiva é mundial.

O comunista lembrou o venezuelano Chávez, quando dizia que a integração é o escudo contra o imperialismo. Assim como citou Lula, quando dizia que a integração é a saída para o desenvolvimento e, finalmente, Fidel, que dizia que a Integração é a garantia da nossa soberania.

As vitórias eleitorais presidenciais no Chile, em El Salvador, na Bolívia, no Brasil e no Uruguai e os passos dados no processo de integração continental, com o Mercado Comum do Sul (Mercosul), a Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA), a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), propiciaram melhores condições à resistência e à jornada de lutas dos povos latino-americanos e caribenhos.

A interferência do imperialismo no Brasil se intensificou desde a descoberta da riqueza do pré-sal, conforme aponta Alemão. Na campanha sucessória de 2014, organismos multilaterais hegemonizados pelos Estados Unidos, como é o caso do Fundo Monetário Internacional (FMI), e veículos da grande mídia, porta-vozes da oligarquia financeira, como é caso da revista britânica The Economist, se intrometeram no debate eleitoral em favor do candidatado do PSDB. Neste início de 2015, o Financial Times e a revista Time colocaram o Brasil no alvo e até mesmo fizeram ilações sobre a interrupção do mandato da presidenta Dilma.

No Brasil após inúmeros êxitos, houve grande investida dos setores financeiros e rentistas contra o governo e contra Dilma, e que há um estado de exceção midiático que instrumentaliza o poder judiciário para se opor à continuidade do ciclo de esquerda.

No Brasil, a esquerda não tem e nunca teve a maioria parlamentar , tendo havido desvantagem nessa correção de forças, com a saída de partidos da base aliada, inclusive de partidos que fazem parte do Foro de São Paulo.

“Em suma, a tentativa de desestabilização do governo Dilma, embora siga uma dinâmica muito própria da luta de classes no país, faz parte, inegavelmente, de uma investida mais ampla do imperialismo para tentar derrotar o ciclo progressista já em vigor há mais de 16 anos na América Latina”, concluiu o dirigente comunista.

Cuba

José Ramón Balaguer Cabrera, chefe do departamento de Relações Internacionais do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, realçou a questão da solidariedade ao povo cubano, enquanto mecanismo importante para o países que ousam desafiar os interesses do Império. Ressaltou que o inimigo é poderoso e que, por isso, os países rebeldes precisam se solidarizar e promover a integração em todos os níveis. Ele citou a situação da Grécia frente à União Europeia como exemplo.

O Seminário dá consequência à resolução aprovada no XVI Encontro do Foro de SP, em Buenos Aires (2010), e referendado em encontros posteriores, envolvendo o Observatório de Governos Progressistas e de Esquerda da AL e Caribe, e organizados na Comissão de Investigação e Formação Política do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo.

XXI Encuentro del Foro de São Paulo
México, 29 de julio a 1 de agosto de 2015

V Seminario sobre los gobiernos progresistas y de izquierda
de América Latina y Caribe

Sala Ciudad de México II, 30 de julio de 2015

Este V Seminario busca dar seguimiento a la resolución aprobada en el XVI  Encuentro del Foro de São Paulo (2010, Buenos Aires) y referendada en los Encuentros posteriores en cuanto a la ejecución de iniciativas destinadas a la creación un Observatorio de los Gobiernos de Izquierda y Progresistas de América Latina y Caribe. Sus ediciones anteriores, al igual que la actual, han sido organizadas por la Comisión de Investigación y Formación Política del GT/FSP:

 I Seminario sobre los Gobiernos Progresistas y de Izquierda: Rio de Janeiro, 30 de junio a 2 de julio de  2011
 II Seminario sobre los Gobiernos Progresistas y de Izquierda: Caracas, 5 de julio de 2012
 III Seminario sobre los Gobiernos Progresistas y de Izquierda: São Paulo, 2 de agosto de 2013
 IV Seminario sobre los Gobiernos Progresistas y de Izquierda: La Paz, 27 de agosto de 2014

P r o g r a m a

09h00-09h30: Sesión  inaugural
• Mara Iliana Cruz Pastrana, secretaria de Formación Política del PRD, México
• José Roa Rosas, integrante  de la Comisión Ejecutiva Nacional del PT, México
• Monica Valente, secretaria ejecutiva del Foro de São Paulo
• Leocir Costa Rosa, director de la Fundação Maurício Grabois, Brasil
• Iole Ilíada Lopes, vicepresidenta de la Fundação Perseu Abramo, Brasil

09h30-10h30: La contraofensiva de la derecha: aspectos nacionales y regionales

Cuestiones para el debate: ¿Cómo la derecha en la región se viene articulando con el intuito de frenar los cambios realizados por los gobiernos progresistas? ¿Cuáles son los nuevos elementos que componen la agenda de reacción a la contraofensiva de la derecha? ¿Cuál es el rol del imperialismo en este contexto?  ¿Cuáles son los puntos clave para profundizar las políticas de democratización y fortalecimiento del Estado? ¿Qué medidas deben componer iniciativas para un nuevo ciclo de desarrollo económico y social?
Ponentes (15 minutos cada):
• Manuel Alberto Enríquez Villacorta, director General de Transformación del Estado de la Secretaría Técnica de la Presidencia de la República de El Salvador
• Angel Petriella, secretario de Relaciones Internacionales del Partido Solidario, Argentina
• Julio Chávez, diputado del Partido Socialista Unido de Venezuela
• Francisco Velazco, asesor de la Secretaría Internacional del Movimiento Alianza País, Ecuador

Coordinación: Esteban  Silva, presidente del Movimiento del Socialismo Allendista, Chile

10h30-11h30: debate con las/los participantes

11h30-12h30: Los desafíos de la profundización del ciclo progresista frente a esa contraofensiva

Cuestiones para el debate: ¿Cómo los gobiernos progresistas pueden hacer frente en ámbito nacional a esa contraofensiva?¿ Con qué política, qué estrategia y qué tácticas? ¿Y en ámbito regional? ¿En qué medida la integración latinoamericana puede conectarse a esa resistencia y al avance de los proyectos de izquierda? ¿Cómo profundizar la disputa de hegemonía y ampliar el apoyo popular en cada país y en la región con vistas a derrotar las investidas de la derecha y del imperialismo?

Ponentes (15 minutos cada):
• Hugo Moldiz Mercado, ex ministro de Gobierno, miembro del equipo de Relaciones Internacionales del MAS-IPSP, Bolivia
• Daniel Coira, secretario de Relaciones Internacionales del Partido Comunista, miembro de la CARIFA/Frente Amplio, Uruguay
• Ricardo Abreu Alemão, secretario de Relaciones Internacionales del Partido Comunista de Brasil
• José Ramón Balaguer Cabrera, jefe del departamento de Relaciones Internacionales del Comité Central del Partido Comunista de Cuba

Coordinación: David Rojas, miembro de la Secretaría de Relaciones Internacionales del Frente Sandinista de Liberación Nacional, Nicaragua

12h30-13h30: debate con las/los participantes