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    Ponte dos Cabanos

    Ponte dos Cabanos   Chamem os chineses! Engenheiros da maior ponte do mundo sobre o mar Aqui no rio-mar eles irão tirar de letra doze quilômetros Que farão a maior ponte fluvial do mundo Em pleno portal da Amazônia verdeazul Sobre a baía do Marajó entre Barcarena e o Itaguari Já dizia minha avó que […]

    POR: Redação

    4 min de leitura

    Ponte dos Cabanos

     

    Chamem os chineses!
    Engenheiros da maior ponte do mundo sobre o mar
    Aqui no rio-mar eles irão tirar de letra doze quilômetros
    Que farão a maior ponte fluvial do mundo
    Em pleno portal da Amazônia verdeazul
    Sobre a baía do Marajó entre Barcarena e o Itaguari
    Já dizia minha avó que antigamente
    Tempo da vela de miriti
    O sacrifício destas gentes das ilhas Pará-Amazonas
    Era tanto que o viajante carecia rezar ladainha
    Dias antes da viagem e ir de casa em casa
    se despedir dos parentes e aderentes
    Pois podia calhar dele nunca mais voltar.

     

    Chamem os chineses!
    O problema desta gente das ilhas filhas da pororoca
    É que estamos cansados de ficar na beira a ver navios
    Pra China, Noruega, Estados Unidos, Eurozonas
    Morrer de inveja e doutras causas naturais e anormais
    Saber de tudo hoje em dia que faz indústria lá fora
    Com a matéria-prima que foi embora
    E quando acaba para o povo das águas não sobra nada,
    Só querem o nosso minério, como diz a canção.

     

    Chamem os chineses!
    Vencedores do atraso social que estão com todo gás e petróleo
    De Áfricas e outras periferias: parceira vanguardeira do Brasil, Rússia,
    Índia e África do Sul na locomotiva chamada BRICS
    Basta de ser besta a comprarzinho 1,99 em cada esquina
    O povo trabalhador quer trens modernos em troca de ferro,
    Alumínio e, sobretudo, energia elétrica extraída dos rios
    Que vai embutida aos produtos com a mais valia de nosso labor.

     

    Chamem os chineses!
    Japoneses, coreanos, os russos e mais europeus,
    Todos os gringos com seus cabedais…
    ‘Mas porém’ não se esqueçam por favor
    Que a “ponte dos cabanos” sumanos existe invisível deste quando
    O índio conquistador do rio das amazonas seguia o rastro do Sol
    A buscar um país encantado
    Onde não há fome, trabalho escravo, doença, velhice e morte
    Norte constante duma história amazônica oculta à margem da História
    Utopia tropical à meia maré de distância entre o paraíso selvagem
    E o inferno verde colonial; a um passo da revolução
    Como prova o “Bon Sauvage” de Montaigne e Rousseau
    Com as lembranças da embaixada da Nação Tupinambá em França.

     

    Na outra margem da saga dos Tupinambás
    Vejam só, o bravo povo do Marajó
    Há 1000 anos fazia planos de conquista do país do Arapari:
    América do Cruzeiro do Sul…
    Aqui os extremos Oriente e Ocidente se encontram na curvatura da Terra
    As grandes águas do Rio e do Mar se misturam e dispartem ao Norte e Sul.
    Por esta sagrada razão das antigas navegações
    Os ancentrais de provectas migrações
    Tempos do cacique Anakajury atravessaram do Caribe às Guianas
    Ponte lendária entre a ilha de Trinidad e as bocas do Orinoco
    Fundação da Parikuria na baía do Oyapoc ao Cabo do Norte
    De lá pra cá numa universidade pés descalços
    Arquitetaram aldeias suspensas e pontes sobre o espaço vazio
    Até chegar ao Caripi (caminho do guerreiro)
    E ao canal do Caraipijó (Carnapijó) junto à ilha Trambioca
    A caminho do rio de Guayamã (Guamá).
    Caminhos de rios e mares, travessias e pontes…

    Tá ligado, sumano?

     

       José Varella, Belém-PA (1937), autor dos ensaios “Novíssima Viagem Filosófica”, “Amazônia Latina e a terra sem mal” e “Breve história da amazônia marajoara”.

    autor dos ensaios “Novíssima Viagem Filosófica” e “Amazônia latina e a terra sem mal”, blog http://gentemarajoara.blogspot.com

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