Malvinas: enclave colonial no Atlântico Sul
A recuperação das ilhas Malvinas é mais do que um anseio, é um dever irrenunciável, uma política do Estado argentino, plasmada na Constituição Nacional e prioridade do governo da presidenta Cristina Fernández de Kirchner. Não será encontrado um único argentino, de qualquer ideologia ou posição política, que não concorde, de coração, que somente quando as ilhas Malvinas sejam restituídas à Argentina, nosso território estará completo. Tampouco será encontrado argentino algum que não esteja convicto de que sua recuperação somente será conseguida por meio da paz.
O Brasil, desde 1833, acompanha a Argentina em sua reclamação de soberania. O governo e o povo argentino reconhecem o apoio incondicional que este país nos presta. O Brasil conhece as ambições estrangeiras sobre seus recursos naturais. Todos os países da região latino-americana compartilhamos a convicção de que os recursos de nossos espaços marítimos constituem um elemento vital para assegurar o desenvolvimento dos nossos povos. Hoje temos uma base militar extrarregional no extremo do Atlântico Sul, promovendo a depredação pesqueira e a exploração ilegal de hidrocarbonetos.
Se tem uma coisa que aprendemos na América do Sul é que podemos ter muitas diferenças, mas temos um destino comum. As declarações do Brasil, o apoio que tem cada ocasião oferecem as autoridades brasileiras, a preocupação e a ênfase que põe seu governo nos confirma, a cada dia, que estamos no caminho certo da integração.
Nós estamos entendendo que somos donos do nosso destino, que temos que caminhar juntos e que neste projeto não cabe que potências coloniais de outrora continuem atuando como se o mundo não tivesse mudado nestes últimos séculos. Com vocação de paz, a Argentina apela ao diálogo para a reparação desta dívida histórica, que fere o meu país e a América Latina toda.
* Luis María Kreckler, 57, sociólogo pela Universidade Nacional de Buenos Aires, é embaixador da Argentina no Brasil
Fonte: Folha de S.Paulo