A informação foi dada pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), instituição que Ab’Sáber presidiu de 1993 a 1995 e da qual era presidente de honra e conselheiro. Segundo informações do departamento de geografia da USP, Ab’Sáber morreu em casa, de infarto. Não há, por enquanto, informações sobre o velório do geógrafo.

Segundo Ruth Andrade, secretária-geral da SBPC, foi uma morte tranquila. “Ele acordou, fez café da manhã para toda a família, sentou-se em uma cadeira, falou ‘ai’ e morreu.” Nos últimos meses o pesquisador estava visitando toda a semana a SBPC por conta da realização do terceiro volume da coleção “Leituras Indispensáveis”, ainda a ser publicado.

Texto publicado no site da entidade conta que, um dia antes de morrer, “o professor, disposto como sempre, fez sua última visita à SBPC, em São Paulo. Em um gesto de despedida, mesmo involuntariamente, ele entregou na tarde de ontem à secretaria da SBPC sua obra consolidada, de 1946 a 2010, em um DVD, para ser entregue a amigos, colegas da Universidade e ao maior número de pessoas.”

Ruth lembra que ele ainda pediu para que o material seja distribuído a estudantes nos eventos da SBPC. “Será agora a nossa missão”, diz. “Acredito que Aziz era um caso raro de casamento entre ser cientista e ser humanista. Ao mesmo tempo em que ele tinha um conhecimento incrível — não só de geografia mas de várias áreas —, ele tinha a perspicácia de fazer a relação desses assuntos com o cotidiano das pessoas”, lembra.

Filho de libanês, Ab’Sáber nasceu em São Luís do Paraitinga (SP) em 24 de outubro de 1924. Professor emérito da USP, escreveu mais de 300 trabalhos acadêmicos, sendo considerado referência da geografia em todo o mundo. Era autor de estudos e teorias fundamentais para o conhecimento dos aspectos naturais do Brasil.

Embora aposentado e apesar da idade, continuava publicando livros e sendo um observador arguto das controvérsias políticas envolvendo a questão ambiental. Ativo e polêmico, em várias oportunidades se mostrou contrário ao alarmismo em torno do aquecimento global, reforçando seu aspecto natural.

Recentemente, ele também se manifestou sobre a mudança do Código Florestal no Brasil, criticando a ausência, no texto, de todo o zoneamento físico e ecológico do País. Na ocasião, ele chegou a defender a criação do Código da Biodiversidade, para implementar a proteção a espécies da flora e da fauna..

O site da SBPC traz uma extensa lista dos prêmios recebidos por Ab’Sáber ao longo da carreira. Destacam-se o Prêmio Jabuti em ciências humanas (1997 e 2005) e em ciências exatas (2007); o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia (1999), concedido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia; a Medalha de Grão-Cruz em Ciências da Terra pela Academia Brasileira de Ciências; e o Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente (2001), concedido pelas Nações Unidas.

Com agências