O Fórum Social Mundial será realizado em Porto Alegre, entre os dias 24 e 29. Entre autoridades do Executivo, o evento é visto como uma oportunidade para a presidente se aproximar dos movimentos sociais e falar da estratégia do governo para reduzir a miséria no país, reencontrar presidentes sul-americanos e reforçar à comunidade internacional que pretende fazer da reunião da Rio + 20 um marco nas negociações para um acordo climático.

Por outro lado, Dilma poderá ficar exposta às cobranças dos movimentos sociais. Nos últimos meses, por exemplo, integrantes das entidades que representam os trabalhadores rurais sem terra vêm criticando a demora na reforma agrária e a falta de apoio à agricultura familiar.

O Fórum Social Mundial terá como temas principais a crise financeira global e “justiça social e ambiental”. Representantes de diversas áreas do governo estarão presentes no fórum, e a Secretaria-Geral da Presidência – órgão responsável por fazer a ponte entre o Executivo e os movimentos sociais – coordena esses trabalhos. Dilma terá a chance de dirigir algumas palavras diretamente aos movimentos sociais para detalhar as políticas de seu governo lançadas com o objetivo de acabar com a miséria no país, uma vez que fixou a meta de tirar da pobreza extrema 16 milhões de brasileiros até o fim de 2014.

Pelo menos por ora, não está decidido o formato da participação da presidente no Fórum Social Mundial. Não foi fechado se a presidente dividirá uma “mesa de diálogo e controvérsias” com representantes de movimentos sociais, como esperam integrantes da organização do Fórum Social Mundial, ou participará apenas de seu encerramento.

Em seu primeiro ano de mandato, a presidente não compareceu ao Fórum Social Mundial, àquela época realizado em Dacar. Mesmo assim, esta não será a estreia de Dilma. Ainda como pré-candidata à Presidência da República pelo PT e ministra da Casa Civil, ela integrou a comitiva liderada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Fórum Social Mundial de 2010.

O fórum também poderá servir para Dilma reencontrar líderes de outros países da América do Sul. A organização do fórum convidou Cristina Kirchner, José Mujica e Fernando Lugo, respectivamente os presidentes de Argentina, Uruguai e Paraguai. Mujica já demonstrou a intenção de ir ao fórum, mas Cristina se recupera de problemas de saúde e deve ausentar-se.

Autoridades do governo brasileiro trabalham ainda com a possibilidade de os presidentes Hugo Chávez e Evo Morales, da Venezuela e Bolívia, desembarcarem em Porto Alegre. Como as presenças dessas autoridades estrangeiras não decorrem de convites do governo brasileiro, elas não seriam consideradas visitas de Estado. Mesmo assim, poderiam ser as primeiras reuniões de Dilma com os demais presidentes dos países que integram o Mercosul deste ano.

Além disso, seria uma oportunidade para a presidente reencontrar Evo Morales. Os dois se reuniram pela primeira vez em dezembro, à margem da Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da América Latina e do Caribe, em Caracas. Uma viagem de Dilma a Bolívia em 2012 não é descartada por autoridades do Palácio do Planalto.

Cuba

Outro compromisso da agenda presidencial é a viagem de Dilma a Cuba. A pouco mais de duas semanas da visita, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, desembarcará em Havana, capital cubana, onde ficará nos próximos dias 16 e 17. Patriota prepara a visita de Dilma, que ocorrerá no dia 31.

Patriota se reunirá com o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, quando vai analisar as propostas de reforço da cooperação técnica e científica nos setores de saúde, agricultura e integração regional. Será examinado ainda o acordo para as obras do Porto de Mariel, a 50 quilômetros de Havana, que é um símbolo para os cubanos.

O Porto de Mariel é lembrado como o local de onde partiram vários grupos de imigrantes do país rumo aos Estados Unidos, nos anos de 1980. Há dois anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no local para visitar as obras, que contam com suporte financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com a ampliação do porto, os especialistas cubanos estimam que será possível receber um maior número de embarcações de grandes dimensões.

No período de 2006 a 2010, as relações comerciais entre o Brasil e Cuba registraram crescimento de 30%, segundo o Itamaraty. O salto foi de US$ 376 milhões, em 2006, para US$ 488 milhões, em 2010. A mesma tendência repetiu-se no ano passado, registrando um total de US$ 570 milhões, no período de janeiro a novembro de 2011.

A visita a Havana ocorre no momento em que o presidente cubano, Raúl Castro, incentiva a abertura da economia cubana por meio de medidas para o estímulo ao incremento no campo e nas cidades. Com o país sob bloqueio econômico desde 1962, os cubanos sofrem com uma série de limitações e vivem com restrições de energia, água e alguns tipos de alimentos.

Uma das disposições do governo brasileiro é apoiar as medidas de abertura econômica implementadas por Raúl, além de incrementar as parcerias em várias áreas. De Cuba, Dilma seguirá para o Haiti, no dia 1º de fevereiro.

Com agências