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Cristiano Capovilla: Aproximações entre neoliberalismo, big techs e neofascimo

28 de outubro de 2024

Coordenador do Grupo de Pesquisa sobre “A luta contra a extrema-direita e o Neofascismo”, Cristiano Capovilla escreve sobre a relação entre neoliberalismo, big techs e a proliferação da extrema-direita.

Em recente artigo, a Folha de S. Paulo lembra-nos que as ações deletérias do Pablo Marçal, o mais novo expoente da extrema-direita, têm método e visam incrementar o engajamento nas redes sociais. Para ele, “a forma mais poderosa de entrar [no inconsciente coletivo] é sendo criticado, [criando] uma polêmica, uma destruição”[1]. A aplicação desse método pôde ser vista quando o extremista disse à adversária, em debate televisivo, que “mulher não vota em mulher porque é inteligente”. Em que pese o grande alvoroço e as reações indignadas, tanto dos oponentes quanto daqueles que compreendem a lógica que subjaz a qualquer argumentação política, a resultante parece ter sido benéfica ao emissor da bruta sentença.

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Isso ocorre – e aqui está o primeiro ponto – porque a frase chocante obtém atenção e encontra eco em público mais amplo, notadamente nas centenas de milhões que acessam diuturnamente as redes sociais, ganhando mais relevância do que o próprio evento em que foi proferida. Por meio de procedimentos técnicos que potencializam os algoritmos do ciberespaço, os debates programáticos tornaram-se, tão somente, a busca de meios e formas, sejam quais forem, para aumentar o engajamento, as visualizações, as curtidas e, consequentemente, os rendimentos e os votos[2].

A horizontalidade e simultaneidade com que os novos meios de comunicação alcançam os cidadãos, sob os auspícios da lógica neoliberal, reproduzem um antiethos que destrói e lança por terra quaisquer acordos de conversação, mediações racionais ou concepções éticas estabelecidos pela sociedade no debate público pelo menos desde a modernidade iluminista – aqui está o segundo ponto[3].

A esse novo modus vivendi, em que o conjunto da sociabilidade corresponde à ascensão da tecnologia das máquinas portáteis e do controle[4] dos espaços virtuais, também está associado a rápida deterioração de convicções políticas caras à edificação democrática da sociedade e, ao seu modo, provocando acelerada reforma das ações eleitorais. Para as multidões dos grandes centros urbanos as lacrações, danças no tik tok e performances virtuais destacam-se mais que as propostas modorrentas dos outros candidatos. Se em épocas anteriores o político tradicional já estava sendo substituído pelo tecnocrata, agora este último perde espaço para a celebridade.

No caso de Marçal e de outros extremistas não deixa de impressionar certa normalização dos absurdos por parte de setores liberais, mas isso se explica porque eles também são reféns do movimento estrutural do sistema que a todos enlaça e subsome. Os despautérios são aceitos em nome dos dogmas econômicos e do uso “neutro” das técnicas científicas. Ocorre que esse novo modus operandi coloca em risco o status democrático que conquistamos com a constituição cidadã de 1988, rebaixando-o ao manuseio de fórmulas de violência verbal (antessala da agressão física). Tal alinhamento conjuntural já conduziu a humanidade, em outra época histórica, a terríveis experiências, notadamente a do flagelo nazifascista. Ao procurar influenciar mentes pela lógica neoliberal nos espaços abertos das redes sociais, os extremistas contemporâneos nada mais fazem do que aplicar novos métodos para velhas e perigosas ideias.

Concentração econômica, de dados e poder

Sabemos, com Marx[5], que o processo de acumulação do capital sempre implica na transformação e criação de novas formas de valorização do valor, ampliando as possibilidades materiais do seu desenvolvimento e exploração, pois que sempre elabora novos dispositivos para sua auto reprodução. De fato, o horizonte de eventos contemporâneo conformado pela simbiose entre o neoliberalismo e os clusters das big techs está conduzindo as instituições que intermedeiam as relações políticas entre as nações, classes e indivíduos a uma profunda reforma.

O neoliberalismo como expressão da complexa hegemonia do capital financeiro sobre o conjunto do sistema, isto é, sobre a maior parte das relações capitalistas de produção, apropriação e reprodução do mundo globalizado, propicia a atmosfera conveniente a expansão desmensurada das empresas tecnológicas e vice-versa. A própria característica intrínseca do capital financeiro em mover e circular gigantescos volumes de papeis especulativos esperando realização futura, que pode ocorrer ou não, valorizando-se ou desvalorizando-se instantaneamente, requer profunda interação com meios de monitoramento regular e contínuo no espaço digital.

Na lógica do sistema globalizado, aberto, em que o ciberespaço fornece o mecanismo para a comunicação instantânea, online, a informação mais do que nunca se transforma numa mercadoria e, no processo de financeirização, em importante ativo de especulação. Assim, por exemplo, as projeções de variáveis econômicas, também chamadas de expectativa futura dos mercados, têm profunda correspondência com a informação ou contrainformação, notícias verdadeiras ou falsas que eventualmente podem ser disseminadas ou omitidas por atores relevantes do mercado financeiro e que terminam por determinar os caminhos do investimento financeiro global. No universo da especulação financeira, capital fictício e fake news andam de mãos dadas.

As ondulações, movimentos instáveis e crises são próprios desse sistema, mas também incidem violentamente na esfera produtiva real, desestruturando as economias e influenciando as instituições dos países. Ao transpassar os movimentos disruptivos dos mercados financeiros e do ciberespaço para a produção e a organização política das sociedades, o neoliberalismo impõe a normalização dos elementos irracionais da sua constituição intrínseca. Incapaz de promover bem estar social e aumentando a cisão entre ricos e pobres[6], os juízos civilizatórios são rapidamente substituídos por soluções de curto prazo, imediatistas, incongruentes e precárias. Em rápidas e superficiais sentenças são desmantelados e descartados valores, direitos e conquistas democráticas, produzindo uma tábula rasa das compreensões sociais e proliferando o irrealismo e obscurantismo político.

A desregulamentação da economia, a redução da intervenção estatal, a privatização e a flexibilização do mercado de trabalho transformaram-se, por um  lado, em dogmas do senso comum econômico e, por outro, propiciaram o ambiente de crescimento sem concorrência e restrições as megaempresas de tecnologia. A mesma “mão invisível” do livre mercado que conduziu a aglomeração do capital financeiro também é a responsável pela concentração das big techs no ambiente digital. Assistimos impotentes ao crescimento da liberalização e ao mesmo tempo ao vertiginoso aumento do poder econômico e influência política dos monopólios das big techs [7].

Ao deter o controle das infraestruturas digitais essenciais, os oligopólios financeiros e tecnológicos passaram a ter influência significativa sobre as instituições nacionais, cerceando as democracias ao deter e moldar o fluxo das informações, permitindo seus usos em novas formas de publicidade econômica e veiculação de ideias políticas adequadas às suas finalidades de exploração do mais-valor. As antigas fronteiras que delimitavam e em certo sentido protegiam os espaços fechados das instituições, do mercado, das universidades ou de grupos de indivíduos, agora são derrogadas e seus limites atravessados pela informação, contrainformação ou dados não aplicáveis pelas redes do ciberespaço, mediadas pela programação dos algoritmos.

O conjunto dos indivíduos, o povo de uma nação, que já havia se transformado em massa para a indústria cultural e de entretenimento, agora se transforma em massa de dados, precisamente em bancos de dados ou big data. O colossal acúmulo de dados pessoais e comportamentais oriundos da rede mundial de computadores fornece a essas empresas poder sem precedentes para organizar a informação a seus moldes e influenciar consumidores e a sociedade como todo. O caso da empresa Cambridge Analytica [8], especialista em combinar o garimpo e análise de dados de redes sociais com comunicação estratégica para uso em processos eleitorais, é sintomático do grau de domínio e controle ao qual os indivíduos e as instituições estão submetidos. As instituições que disciplinam as regras políticas nacionais tendem a ter sua existência ameaçada ou transformarem-se completamente.

Os entes políticos tradicionais, ligado às classes ou interesses corporativos, já estão sendo substituídos por outros mais adequados a esse meio ambiente de liberdade irrestrita do capital-informação. Desse caldo globalizado emergem figuras carismáticas e autoritárias, outsiders, que aparentam não seguir regras, que simulam criticar o sistema estabelecido, que discordam dos partidos para não comprometerem-se com programas políticos ou planos de realizações. Na verdade, os laboratórios generativos neoliberais produzem arquétipos antipolíticos cuja generalidade das propostas só perde para a excentricidade dos seus modos e o reacionarismo das suas ideias.

Psicologia das massas

Não é por acaso que a volubilidade econômica do neoliberalismo e a concentração de capital e dados pelas big techs é tão favorável a proliferação da extrema-direita e do neofascismo no ciberspaço. Seus novos métodos utilizados nas redes sociais dizem respeito ao agenciamento de teorias do comportamento originalmente elaboradas para a administração de empresas e vendas no mercado. Elas teorizam acerca dos elementos que favorecem a tomada de decisão do consumidor quando da escolha da mercadoria, mas também podem ser usadas para influenciar o cidadão na preferência do voto. A novidade agora está nas novas condições do ambiente da comunicação virtual que favorece contato imediato e simultâneo com a massa de indivíduos através da mediação dos algoritmos.

Os premiados trabalhos de Herbert Alexander Simon (1916 – 2001), agraciado com o Nobel em economia em 1978, dedicam-se a explicitar as reações e condutas dos indivíduos em processos decisórios como, por exemplo, numa empresa ou quando vai comprar um carro ou escolher um candidato. Ao contrário das teorias econômicas neoclássicas que tinham por pressuposto teórico que os seres humanos eram todos dotados de plena racionalidade, Simon infere que o processo de escolha se dá, de modo consciente ou inconsciente, a partir de determinadas ações passíveis de serem executadas pelas pessoas comuns.

Para ele, embora sempre sejamos apresentados ao gigantesco número de possibilidades, no momento da escolha as alternativas são reduzidas pelo indivíduo àquela que de fato será levada a efeito. Isso se torna particularmente relevante em sociedades com grandes quantidades de informação concorrendo entre si, em que o processamento pelos sujeitos é limitado, o que os levam a buscar, via de regra, apenas uma afinidade satisfatória para suas escolhas. O behaviorismo de Simon delimita a possibilidade do conhecimento na hora da escolha a simples afetividade, realçando a separação na estrutura dos sujeitos entre o aspecto racional e a liberdade. Em suma, o indivíduo que escolhe é limitado no conhecimento de todas as alternativas possíveis e incapaz de estabelecer critérios para otimizar suas decisões, procurando, então, ter deliberações que atendem aos padrões mínimos de satisfação imediata, notadamente afetivas e emocionais. É a premiada tese da “teoria da racionalidade limitada”[9].

Por óbvio que as contribuições de Simon não circunscrevem-se somente a isso, pois que abrangem áreas como a inteligência artificial, empreendedorismo, administração, psicologia, entre outras. Mas o fato é que ela está sendo retomada e reinterpretada nos termos da chamada “economia da atenção nas redes”. A redução da racionalidade no momento da disposição dos indivíduos ao tempo gasto na internet é a transposição da teoria da escolha decisória do âmbito psicoeconômico para o universo digital. Está tornando-se instrumento de lucro e poder ao produzir conteúdos que prendem a atenção – geralmente inclinações afetivas e não racionais – que geram visualizações, curtidas e interações em massa. O locutor de disparates afetivos e irracionais se destaca e ganha ainda mais celebridade no ciberespaço.

A tempestade perfeita

Ora, a instabilidade intrínseca propiciada pela dimensão exagerada dos movimentos especulativos, tanto financeiros quanto da informação, abre cada vez mais espaços virtuais e reais para mobilizar politicamente os elementos irracionais como meio principal para atingir finalidades de concentração de poder político, valores financeiros e dados. O fascismo clássico já apelava para o emocional e o mítico em substituição ao racionalismo iluminista e a compreensão histórica. Vários são os trabalhos acerca do domínio psicológico das massas por líderes fascistas, carismáticos e autoritários, que aproveitando as profundas crises do sistema capitalista apostaram no irracionalismo como chão cultural comum entre eles e o povo, em que pode se mover qualquer ideologia, do liberalismo anárquico, a demagogia moral, até o totalitarismo[10].

Atualmente, o neofascismo também explora sentimentos instintivos como o medo e a insegurança em seus discursos políticos. Geralmente apontam bodes expiatórios e teorias da conspiração como causas desses males e do desassossego contemporâneo, impondo culpas aos imigrantes, comunistas, LGBTQIAPN+, entre outros. A extrema-direita e o neofascismo se beneficiam das modernas técnicas de difusão em massa das redes sociais, pois que reduzem o processo da atenção ao que é mais imediato e primitivo na vida humana: medo, crenças, sexualidade etc. Entretanto, como bem podemos ver em qualquer que seja o caso em que a extrema-direita e o neofascismo chegou ao poder, seu irracionalismo endógeno conduz a sociedade a experimentar exatamente o contrário do proposto, promovendo insegurança, desastres, guerras, ódios, preconceitos e mortes.

Temos, então, na inter-relação entre neoliberalismo e as big techs o arranjo imperialista que maximiza a liberdade irrestrita do capital financeiro e amplifica o domínio do funcionamento em meio aberto das megaempresas de tecnologia digital. A intenção dos novos controladores é estabelecer no lugar das políticas públicas dos Estados nacionais ações corporativas transitáveis, universalistas e cosmopolitas, que executarão as determinações jurídicas e midiáticas emanadas do sistema global. Esse sistema ultraliberal procura realização plena através da ascensão da extrema-direita e de um novo fascismo, subvertendo qualquer tentativa de disciplinamento por parte das instituições estatais nacionais. É necessário, portanto, combater a extrema-direita e o neofascismo como simples expressão política ordinária.

Que fazer?

Sem dúvida que o enfrentamento da atual fase do imperialismo constitui o maior desafio civilizatório do século XXI. Desse embate podem sair as determinações históricas que moldarão os tempos vindouros. A dimensão e a escala dos acontecimentos implica em trabalho de várias frentes, que não cabe somente a uma ou outra força política, mas fundamentalmente àquelas que tiverem clareza dos pontos centrais dessa luta.

A principal delas é ter nitidez da proporção da batalha a ser travada e do programa político a ser apresentado. Para tanto, na minha opinião, é necessário compreender se a atual dinâmica do imperialismo é somente uma simples política implementada pelo capital financeiro, isto é, se é apenas um modo ou forma transiente do capital ou se o neoliberalismo é a própria expressão substancial do imperialismo contemporâneo.

No primeiro caso tanto as políticas de âmbito distributivas como as heterodoxas do ponto de vista econômico seriam suficientes para barrar ou reverter a atual marcha da globalização financeira excludente e autoritária, isto é, seria possível reformar o capitalismo na busca de melhores condições comparativas, o que já seria um avanço no atual estado de coisas. Entretanto, no segundo caso, não haveria possibilidade de reversão, pois que qualquer alternativa ao ser que está posto implicaria em contrariedade ontológica ao sistema, cabendo apenas o caminho da transformação e superação do atual status quo.

Penso tratar-se de embate civilizatório que assume dimensão ontológica contra o capital neoliberal. Justamente por caracterizar-se como contenda acerca dos destinos do ser histórico-social da humanidade, isto é, que diz respeito a totalidade do sistema, é que são necessárias as mediações do logos e do ethos para execução particular, específica e concreta de um planejamento programático. Essa luta não diz respeito somente à esfera política e econômica restrita, mas sim à sua dimensão abrangente, envolvendo proposições acerca do conhecer e do agir da comunidade nacional. Somente a partir do Estado-nação, ponto focal do poder político, econômico e cultural o programa dos trabalhadores ganhará efetividade no conjunto das classes que compõem o povo.

Por conseguinte, o programa deve refletir a centralidade da questão nacional, do Estado soberano e do seu povo, sua cultura, história e instituições. É preciso transformar o trabalho e a história do povo brasileiro em ativo principal desse novo projeto de desenvolvimento nacional, distribuindo os ganhos econômicos e as benesses culturais para toda sociedade. Liberdade, autonomia, independência, democracia, desenvolvimento, cultura e igualdade só fazem sentido se forem compartilhados pelo conjunto da população do país.

É a partir da soberania do poder político popular que o Estado-nação poderá se opor às ações da ortodoxia neoliberal que proliferam desigualdades. A valorização do trabalho e dos trabalhadores, a produção e industrialização, a geração de energia e preservação do meio ambiente, a autonomia financeira, o controle soberano da moeda e do Banco Central e a taxação das grandes fortunas são premissas econômicas desse novo programa.  

O incessante desenvolvimento científico e tecnológico autossuficiente é parte central da autonomia política da nação. Pelas características próprias do atual estágio da luta política é necessário confrontar o monopólio das grandes empresas de tecnologia transnacionais, regulamentando a internet em seu uso e criando infraestrutura própria, além de estabelecer controle e gerenciamento dos algoritmos, principalmente de inteligência artificial [11].

Por óbvio que esse programa estratégico não pode ser imediato, pois que trata de profundos problemas históricos e se opõe à própria lógica do atual sistema de acumulação do capital. Entretanto, pode e deve ser conquistado por mediações táticas a partir do acúmulo de forças políticas conscientes e comprometidas com a transformação social e a independência nacional. Por fim, mas não menos importante, é preciso dar sentido e esperança estratégica às lutas cotidianas do povo brasileiro.


Notas:

[1] Folha de São Paulo. 28/09 – https://www1.folha.uol.com.br/poder/2024/09/marcal-segue-teoria-economica-que-potencializa-lucro-nas-redes-sociais-com-polemicas.shtml.

[2] O jornal alemão Neue Zürcher Zeitung atesta que: “Pouco antes das eleições, a campanha de Donald Trump parece cada vez mais bizarra: ele corre como um autocrata, dança para os seus fãs e diz disparates. No entanto, seus números nas pesquisas apontam para cima” (Kurz vor der Wahl wirkt Donald Trumps Kampagne zunehmend bizarr: Er hetzt wie ein Autokrat, tanzt für seine Fans und redet wirres Zeug. Trotzdem zeigen seine Umfragewerte nach oben). – https://www.nzz.ch/international/dj-oder-diktator-trump-verwirrt-schockiert-und-fasziniert-ld.1853196?utm_source=MoEngage&utm_medium=EMAIL&MKTCID=nled&MKTCVAL=181&KID=nl181&GA=1

[3] Pretendo desenvolver em artigo posterior este segundo ponto, mais de fundo, que trata do ethos da sociedade contemporânea sob as determinções do neoliberalismo.

[4] Aplico aqui interpretação marxista das formulações feitas por Gilles Deleuze em Controle e Devir e Post-scriptum sobre as sociedades de controle que constituem entrevista e opúsculo, respectivamente, realizados pelo filósofo francês no início do ano de 1990. Ver: CAPOVILLA, C. As sociedades de controle: forma hegemônica da acumulação capitalista e padrão de poder da gestão institucional em Gilles Deleuze. Revista Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (RICS), São Luís, v. 5, n. 2, p. 262 – 275, jul./dez. 2019.

[5] “De um ponto de vista concreto, a acumulação não passa de reprodução do capital em escala que cresce”. MARX. K. O capital: crítica da economia política. livro I, volume 2, parte VII. 22º Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, p. 679, 2004.

[6] Segundo dados da OXFAM “O 1% mais rico do mundo ficou com quase 2/3 de toda riqueza gerada desde 2020 – cerca de US$ 42 trilhões -, seis vezes mais dinheiro que 90% da população global (7 bilhões de pessoas) conseguiu no mesmo período. E na última década, esse mesmo 1% ficou com cerca de metade de toda riqueza criada”. Ver: https://www.oxfam.org.br/forum-economico-de-davos/a-sobrevivencia-do-mais-rico/ .

[7] Entre as dez maiores empresas do mundo oito são ligadas às novas tecnologias, uma ao petóleo e outra a indústia famacêutica. Ver: https://exame.com/invest/guia/as-10-maiores-empresas-do-mundo-2022/

[8] A Cambridge Analytica utilizou as informações de mais de 50 milhões de pessoas sem o consentimento delas para fazer propaganda política para Donald Trump nas eleições de 2016, nos Estados Unidos, e pelo Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia. Os dados foram obtidos do Facebook através da aplicação de testes psicológicos. 

[9] Ver: SIMON, H.A. The New Science Of Management Decision. New York, NY: Harper and Row, 1960; SIMON, H.A. On How to Decide What to Do. The Rand Journal of Economics, v.9, n.2, 1978;

 SIMON, H.A. Rational decision making in business organizations. American Economic Review, v.69, p. 493-513, 1979 e SIMON, H.A. Alternative Visions of Rationality. In: ARKES, H. & HAMMONDS,K.(eds.) Judgement and Decision Making. Cambridge, Cambridge University Press, 1986 .

[10] “Nada se parece mais com um camaleão do que a ideologia fascista. Não pensem na ideologia fascista sem ver o objetivo que o fascismo se propunha atingir num determinado momento com uma determinada ideologia”. TOGLIATTI, Palmiro. Lições sobre o fascismo. São Paulo: Livraria Editora Ciências Humanas, p. 9, 1978.

[11] A China aplica políticas públicas para regulamentar os algoritmos. Ver: https://horadopovo.com.br/china-e-o-primeiro-pais-a-regulamentar-algoritmos/

Cristiano Capovilla. Filósofo e professor da UFMA. Coordenador do GP 7: A luta contra a extrema-direita e o Neofascismo

Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial dFMG