O sociólogo Clóvis Steiger de Assis Moura, intelectual marxista e militante do PCdoB, nasceu há exatos 100 anos, em 10 de junho de 1925, no Piaui.
Com um olhar marxista sobre a questão racial no Brasil, Moura demonstrou como a resistência dos quilombos à escravidão foi uma parte constitutiva da luta de classes no país.
Foi autor de diversos livros como Rebeliões da senzala: quilombos, insurreições, guerrilhas (1959), a Sociologia do Negro Brasileiro (1988), a Dialética Radical do Brasil Negro (1994) e o Dicionário da escravidão negra no Brasil (2004), entre tantos outros.
Nos últimos anos, a Fundação Mauricio Grabois (FMG) e a Editora Anita Garibaldi reeditaram alguns desses livros como Rebeliões da senzala e Dialética Radical do Brasil Negro. (Compre aqui)
Para lembrarmos da trajetória desse grande intelectual, a FMG reuniu artigos de sua autoria ou sobre a sua obra. Confira aqui
Homenagem na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi)
Por proposição da deputada Elisangela Moura (PC do B), a trajetória intelectual e de vida de Clóvis Moura foi lembrada em sessão solene realizada nesta quarta-feira (25) na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi).
“Foi um homem que jamais se calou diante das injustiças. Desde muito jovem, Clóvis Moura compreendeu que a questão racial no Brasil não era um detalhe histórico, mas um elemento estruturante da desigualdade social […] Ele trouxe à tona a história da resistência de luta dos negros escravizados destacando que a liberdade não foi um presente, mas uma conquista com sangue, suor e esperança”, descreveu Elisângela Moura.
O presidente da Fundação Maurício Grabois no Piauí, Dalton Macambira, destacou que o piauiense de Amarante conviveu com intelectuais referência em todo o país, mantendo um diálogo influenciando e sendo influenciado por figuras como Graciliano Ramos, Sérgio Buarque de Holanda e Carlos Drummond de Andrade. “Militante engajado em movimentos sociais e em partidos políticos de esquerda, foi consagrado pela obra Rebeliões da Senzala: quilombos, insurreições e guerrilhas”, informou Macambira acrescentando que a obra serviu de contraponto a visões históricas que descrevem o Brasil como uma democracia racial, caso do pernambucano Gilberto Freyre.
Seminário “100 anos de Clóvis Moura – Legado e Atualidade”
Além do Dossiê Especial e da homenagem no Piauí, a FMG celebrou no mês passado o centenário de Moura com a realização do seminário “100 anos de Clóvis Moura – Legado e Atualidade”, na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
A programação reuniu estudantes, pesquisadores, lideranças negras, sindicalistas, professores e militantes para refletir sobre a atualidade do pensamento de Clóvis Moura diante dos desafios da democracia, do enfrentamento ao racismo e das políticas de reparação.
Live do João: Clóvis Moura, 100 anos
Outra iniciativa da FMG foi a realização da Live do João especial sobre o centenário. A atualidade de suas ideias foi debatida com a presença de Edson França, presidente da União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro) e do historiador Fernando Garcia.
Confira aqui o episódio especial da Live do João sobre Clóvis Moura, 100 anos.