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    Comunicação

    Ipea diz que desigualdade caiu 22% e entra na briga contra IDH

    A melhoria na distribuição da renda per capita entre domicílios do país foi calculada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir de dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010 e divulgado este ano. Sem ter certeza de que este tipo de avanço, especialmente o mais […]

    POR: André Barrocal

    3 min de leitura

    A melhoria na distribuição da renda per capita entre domicílios do país foi calculada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir de dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010 e divulgado este ano.

    Sem ter certeza de que este tipo de avanço, especialmente o mais recente, tenha sido todo captado pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) apontado para o Brasil, o Ipea começa a botar em cheque a credibilidade do relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). E diz estar pronto para produzir um IDH próprio, caso o Pnud não se mostre convincente.

    Após a divulgação do IDH 2010, o Ipea procurou o Pnud para dizer que estava desconfiado da nota brasileira, fez críticas metodológicas ao relatório e pediu para conhecer dados e metodologia.

    Em resposta, a agência decidiu convidar especialistas para participar de um “grupo de peritos” que acompanharia a preparação do IDH 2011, ao longo do primeiro semestre. O representante brasileiro foi o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.

    As críticas e desconfianças foram reafirmadas durante o acompanhamento mas, para Pochmann, em vão. Em 2011, o Pnud teria repetido o comportamento merecedor de reparos. O Ipea quer saber com que dados exatamente a ONU trabalha para fechar o IDH – índice que leva em conta expectativa de vida, escolaridade e renda -, como eles são escolhidos e se são consolidados ou projeções.

    “Não sabemos se o IDH brasileiro vai melhorar ou piorar, mas precisamos saber como é calculado”, disse Pochmann. “Há uma insatisfação que não é só do Brasil. Há uma preocupação exagerada [do Pnud] com tabelas e não com conteúdo. Do jeito que está, o IDH não pode ser reproduzido por especialistas”, afirmou o economista, que deu entrevista coletiva nesta quinta-feira (10) para apresentar os dados da desigualdade domiciliar e aproveitou para contestar o Pnud.

    A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, que falou em nome do governo sobre o IDH brasileiro – o país está na posição 84, entre 187 países – havia feito as mesmas críticas.

    O trabalho do Ipea, sintetizado numa nota técnica, vai subsidiar considerações que outros órgãos federais venham a fazer sobre o assunto, como os ministérios da Saúde e da Educação. Inclusive uma reclamação oficial e por escrito que o ministério das Relações Exteriores, em linguagem diplomática, deve mandar ao escritório central da ONU, em Nova York.

    O governo queixa-se do IDH desde a gestão Lula pois acha que as melhorias do país ao longo da última década estariam subdimensionadas no relatório do Pnud. É uma reclamação também de caráter político, já que o resultado pode servir para os adversários do governo criticaram as gestões petistas.

    Procurada pela reportagem, a agência da ONU respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa no Brasil, que precisa conhecer a nota técnica do Ipea primeiro, antes de se manifestar.

    (*) Confira a íntegra da nota técnica “Considerações do IPEA acerca do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de 2011, do PNUD”

     

    Fonte: Carta Maior