Bordado vermelho em uniforme azul

 

As macegas alucinaram o ambiente, comprometeram a colheita

em alguns pontos, tarefas.

Usinei-me para um fechado canavial, reforcei o pulso

arregaçando as mangas.

O bagaço espalhou-se em cabelos secos, porém.

O barro era denso e escuro em pó,

meu peito foi apenas escoteiro em nó…

Engarrafou, populou, depositou honorários,

pagou imposto atrasado.

Bancos, semáforos, gotículas em suor, em ferro e aço,

tais parafusos, meu Senhor, que ditam a suposta  realidade,

isso é mero complô.

Caso encontrasse um devaneio, ainda que num só pé,

também suspiraria, creio eu.

Perdoe-me, mas sou velada por um dom.

Não conspiro a estar por tantas horas a macerar com os pés

o chão batido,

e a tratar com coleira  meus íntimos objetos.

 


Marta Eugênia
Professora de Língua Portuguesa
http://eugenico.blogspot.com/