Stiglitz: Incumprimento na Europa teria consequências devastadoras
"Se a Alemanha, a França e outros países não participarem na assistência à Grécia e a Espanha, os eventuais ‘defaults' e a reestruturação da dívida [na Europa] teriam efeitos devastadores na economia da Alemanha e no sistema financeiro, não apenas na Europa mas também nos EUA", alerta o Nobel da Economia.
Em entrevista à CNN, Joseph Stiglitz considera que, por isso, é do interesse da Alemanha participar nas ajudas à Grécia, Portugal e Irlanda. "Não é claro" é se os eleitores alemães já têm consciência disso.
Quando os problemas em Atenas se começaram a agravar, "a Europa não trabalhou em conjunto num quadro de trabalho viável" e foi também "claro que houve desavenças políticas sobre a ajuda à Grécia", continuou o economista.
"O problema é que o processo político europeu está em alguns sentidos desajustado do económico", sustentou Stiglitz. Questionado sobre a melhor estratégia para superar a actual crise do euro, o Nobel considera que "é preciso uma estratégia de crescimento", algo que os líderes europeus reconheceram na cimeira de Julho.
"Eles reconheceram que se a Grécia continuasse a implementar a austeridade, então a economia iria abrandar e os problemas orçamentais iriam piorar, por isso, explicitamente, disseram que era preciso avançar com fundos para ajudar a Grécia a crescer porque o país não conseguiria fazê-lo sozinho", lembrou Stiglitz.
Na mesma ocasião, o também professor de Economia sustentou não ter dúvidas de que os EUA vão 'sofrer por tabela' com a crise na zona euro. Stiglitz lembrou que a crise global começou nos EUA, com os problemas do 'subprime' em 2008. Nessa altura, "exportámos os nossos problemas para a Europa. E agora parece que a Europa está a retribuir o favor", frisou.
____________
Fonte: Económico