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    Direitos Humanos

    Com plano de paz para Gaza, Trump tenta salvar Netanyahu e isolar resistência palestina

    Anúncio de presidente dos EUA acontece poucos dias após isolamento de Netanyahu em Assembleia da ONU e o anúncio de reconhecimento do Estado Palestino por diversos países

    POR: Ana Prestes

    4 min de leitura

    Trump e Netanyahu anunciam plano de paz para Gaza na segunda-feira (29). Foto: White House
    Trump e Netanyahu anunciam plano de paz para Gaza na segunda-feira (29). Foto: White House

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na segunda-feira (29), ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, um plano de 20 pontos para encerrar a guerra em Gaza. Com a concordância de Netanyahu, Trump afirmou que o primeiro-ministro de Israel terial o “apoio total dos Estados Unidos para fazer o que fosse necessário”, caso o Hamas não aceite a proposta.

    Esse anúncio acontece poucos dias após a Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, onde dezenas de delegações se retiraram durante a fala de Netanyahu, explicitando o crescente isolamento que ele enfrenta no cenário internacional. Somado a isso, diversos países declararam, durante a Assembleia, o reconhecimento da Palestina como um estado, o que enfureceu o líder israelense.

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    Em janeiro, o governo Trump já havia apresentado um plano para a Palestina, que seria dividido em três fases com troca de reféns entre o Hamas e Israel e o cessar-fogo entre eles. Mas esse plano mal chegou na segunda fase e logo foi estancado pelo governo Netanyahu.

    Nós sabemos que o governo dos Estados Unidos tem um plano para aquela região, inclusive o Trump pessoalmente tem planos imobiliários de fazer da Costa de Gaza uma Riviera. O objetivo dos EUA é expandir os acordos de Abraão, acordos de relações bilaterais com Arábia Saudita e Barein assinados em 2020, durante o primeiro governo Trump, que drenaram as energias de sustentação da luta do povo palestino nos Estados árabes da região. A reunião com Netanyahu faz parte desse objetivo de continuar e expandir esses acordos.

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     Tentativa de tirar Netanyahu do isolamento

    Trump e Netanyahu anunciaram um acordo de paz para a Palestina sem a participação principal interessada, a parte mais atingida, que está sendo exterminada, vítima de um genocídio, de uma limpeza étnica.

    As características desse novo plano anunciado por Trump, são diferentes do anterior, é um plano genérico que não traz metas, prazos e detalhamentos. Esse plano genérico serve para tirar Israel do isolamento. No momento em que Netanyahu está mais isolado, o Trump coloca uma faca no pescoço do Hamas ao apresentar esse plano, sob a ameaça de que, se ele não aceitar, as consequências serão gravíssimas – além de ser uma imposição aos Estados europeus que estão sendo pressionados pela sua população civil em enormes manifestações contra o genocídio em Berlim, Amsterdã e Bruxelas.

    Nesse sentido, esse plano do Trump representa a ameaça de uma virada de chave de vários países europeus, que podem se colocar novamente como cúmplices, coadjuvantes do genocídio palestino.

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    É preciso acompanhar para saber qual será o desdobramento real desse plano, qual será a resposta das organizações e representações políticas palestinas, especialmente do Hamas. Geralmente o Hamas negocia, chega-se a um termo, e assim que um acordo é estabelecido, o primeiro a romper é sempre o governo de Netanyahu, o governo genocida que hoje comanda o Estado de Israel com grande força do sionismo.

    Ao promover esse plano, o Trump dá sobrevida ao Netanyahu e tenta isolar as forças de resistência da Palestina no sentido de recolocar sobre eles a responsabilidade do que está acontecendo em Gaza.

    Assista ao Conexão Sul Global com Ana Prestes:

    Ana Prestes é pesquisadora do Observatório Internacional, Grupo de Pesquisa da Fundação Maurício Grabois, e Secretária de Relações Internacionais do PCdoB. Comanda o programa Conexão Sul Global, exibido pela TV Grabois.

    *Análise publicada originalmente na TV Grabois em 01/10/2025. O texto é uma adaptação feita pela Redação com suporte de IA, a partir do conteúdo do vídeo. 

    **Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial da FMG.

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