Ciclo debate realidade cubana
Participaram da mesa como representantes de Cuba Zuleika Romay, presidenta do Instituto Cubano do Livro; Magali Llort, deputada e mãe de Fernando González, um dos cinco cubanos lutadores contra o terrorismo presos injustamente nos Estados Unidos; e a jornalista Rosa Miriam Elizalde, editora do portal Cubadebate.
A presidenta nacional do “Opinio Iuris — Instituto de Pesquisas Jurídicas”; Jamil Murad, vereador e líder da bancada do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) na Câmera Muncipal de São Paulo; Renato Simões, secretário nacional de Movimento Populares do Partido dos Trabalhadores (PT); Iole Ilíada, secretária de Relações Internacionais do PT e diretora do Núcleo de Cooperação Internacional da Fundação Perseu Abramo; e Ricardo Abreu de Melo (Alemão), secretário de Relações Internacionais do PCdoB e presidente do Conselho Curador da Fundação Maurício Grabois. Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois e editor da revista Princípios, dirigiu os trabalhos.
Adalberto Monteiro abre os trabalhos
Adalberto Monteiro iniciou o evento destacando o Clube Homs foi escolhido para sediar o ato por ser um espaço que simboliza a convivência, a confraternização e amizade e solidariedade entre povos. Ligado à comunidade árabe brasileira, o Clube, segundo o presidente da Fundação Maurício Grabois, era o melhor local para acolher uma delegação de um país amigo do Brasil, de um governo amigo do governo brasileiro, e de um povo irmão do povo brasileiro.
Zuleika Romay
Zuleika Romay detalhou a atualização do modelo econômico cubano, aprovado no 6º Congresso do PCC e ressaltou que o debate envolveu mais de 8,5 milhões de cubanos. Assegurou que os novos alinhamentos da política econômica do país se dirigem a aperfeiçoar e fortalecer o sistema socialista.
Magali Llort
A deputada Magali Llort fez um emocionado pronunciamento, detalhando a farsa processual norte-americana que condenou os cinco cubanos. Pediu a solidariedade de todos os brasileiros pela libertação de seu filho e de Gerardo Hernández, Antonio Guerrero, René González e Ramón Labaniño. Ela enfatizou que a pressão internacional sobre o governo norte-americano é praticamente o único recurso que resta para conseguir acabar com a injustiça.
Antônia Mara Vieira Loguércio reforçou que o caso dos cinco não é um fato isolado, mas um sintoma que expressa como Estados Unidos reagem contra Cuba. Ela explicou que é um julgamento político e as sentenças absurdas estão incluídas no debate mais amplo de tentativa de dominação e destruição da revolução cubana.
Rosa Miriam Elizalde
Rosa Miriam Elizalde, do Cubadebate, denunciou as mentiras propaladas pela mídia contra Cuba, como a falsa afirmação de que o governo cubano impede o acesso da população à internet, quando na realidade são os Estados Unidos que aplicam um bloqueio tecnológico a Cuba. Informou que Cuba fez um investimento extraordinário na formação de profissionais da informática, enquanto o bloqueio tecnológico do governo norte-americano faz com que o país disponha hoje de uma largura de banda de 412 MB, apenas quatro vezes maior que a de um café-internet de São Paulo.
Após afirmar que esse bloqueio tecnológico é tão cruel como o econômico, mantido por Washington contra Havana há meio século, a editora do Cubadebate destacou que os Estados Unidos temem que mais de 11 milhões de cubanos se conectem à internet, com os valores e o talento da revolução cubana.
Tergiversações
O ciclo de debates envolveu movimentos e associações de solidariedade a Cuba no Brasil e se iniciou na noite quarta-feira (22) com a abertura da “XIX Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba no Brasil”. Na ocoasião foi exibido o documentário “Carlos Calica Ferrer: A última viagem de Ernesto Guevara pela América Latina”, do produtor Carlos Pronzato. Além dos membros das entidades solidárias a Cuba nos Estados brasileiros, participaram também, como integrantes da delegação cubana, Kenia Serrano, presidenta do Instituto Cubano de Amizade com os Povos; e o combatente de Praia Girón, coronel Jorge Herrera.
O ciclo de debates terminou no domingo (26), em São Paulo. A Carta de São Paulo, documento que é a declaração final do encontro realizado no Memorial da América Latina, exalta o crescimento da solidariedade brasileira a Cuba. "Diante das ameaças dos Estados Unidos, os que apoiam a Revolução cubana devem estar cada vez mais organizados em sua defesa e para isso nossas campanhas de informação, manifestações nas ruas e pronunciamentos de parlamentares precisam avançar", diz o texto. O documento também reforça a luta pelo fim do criminoso bloqueio econômico, financeiro e comercial.
Diante das mentiras e tergiversações da mídia sobre a realidade cubana, os brasileiros amigos da ilha destacaram a necessidade de trabalhar para romper esse bloqueio midiático. Para melhorar e aperfeiçoar esse trabalho no Brasil, os participantes na 19ª Convenção destacaram a importância de enviar uma delegação ao 6º Encontro Continental de Solidariedade a Cuba, que será realizado no México de 6 a 9 de outubro deste ano.
Os convencionais brasileiros exaltaram a necessidade de acompanhar a postura do Brasil na Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, a ser criada nos dias 5 e 6 de julho próximo em Caracas, Venezuela, como parte do bicentenário da independência de várias nações da região. Os delegados assumiram a tarefa de fortalecer a atividade de divulgação dos objetivos da atualização do modelo econômico cubano, discutidos amplamente pelo povo e aprovados no 6º Congresso do PCC.
Lágrimas
O ato final da convenção foi marcado por muita emoção. Realizado no Memorial da Resistência, instalado no edifício onde funcionava o DOPS na época da ditadura militar, militantes perseguidos pela ditadura que foram acolhidos em Cuba agradeceram à ilha caribenha pela solidariedade. Os ex-presos políticos Ivan Seixas, Damaris Lucena, Elsa Lobos e Clara Sharf rememoraram a época de luta contra o regime militar e a firme colaboração da revolução cubana com todos os companheiros perseguidos.
Seixas contou que nas reuniões dos grupos armados escutavam a Rádio Havana de Cuba, que era uma inspiração muito grande e uma alegria imensa cada vez que escutavam notícias de que alguns dos companheiros de luta tinham conseguido chegar à ilha. "Agradecemos por tudo o que fizeram por nós e nós faremos tudo o que pudermos por Cuba". Damaris Lucena rememorou os horrores vividos na prisão durante a ditadura militar e recordou que foi uma das prisioneiras trocadas pelo cônsul japonês Nobuo Okushi e enviada ao México com seus filhos.
Ela contou que estando no México foi convidada a viajar a Cuba com seus familiares. "Cuba é meu segundo país e os cubanos são meus irmãos”, disse emocionada. “Tudo o que eu e meus filhos tenhamos que fazer por Cuba, faremos”, declarou. Também Elsa Lobo expressou sua eterna gratidão a Cuba pela formação que recebeu nesse país maravilhoso, e exaltou a colaboração recebida de diplomatas cubanos em diferentes países quando trabalhou em um organismo das Nações Unidas ou teve que exilar-se em Paris.
Com lágrimas nos olhos, Clara Sharf, companheira do líder comunista Carlos Marighella, assassinado pela ditadura militar, manifestou a estreita relação existente entre Marighella e a Revolução cubana, assim como seu trabalho na criação das primeiras associações de solidariedade a Cuba no Brasil.
Kenuia Serrano, presidente do Instituto Cubano de Amizade com os Povos (Icap), disse que o ato de agradecimento a seu país se converte em uma oportunidade para que Cuba agradeça aos brasileiros por sua combatividade, solidariedade e apoio ao direito à existência do processo revolucionário cubano.
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Com informações da Prensa Latina