Todo dia, à caça
Na savana da TV a fêmea de leopardo vai à caça. Aumento o som para alcançar o vento granulado que bate o mato ralo. Há uma impala que pasta com sua cria um cheiro que não sinto e que
Na savana da TV a fêmea de leopardo vai à caça. Aumento o som para alcançar o vento granulado que bate o mato ralo. Há uma impala que pasta com sua cria um cheiro que não sinto e que
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura Essa intimidade perfeita com o silêncio Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo – Perdoai-os! porque eles não tem culpa de ter nascido… Resta esse antigo respeito pela noite, esse
Outro dia fez um rasgo de sol No inverno paulistano e fui a São Vicente. Na praia um jogo de futebol de amputados. Vitalidade e intrepidez da vida que não se rende, Que supera desgraças e adversidades. Correm, correm,
Juca Mulato apeia. É macabro o pardieiro. Junto à porta cochila o negro feiticeiro. A pele molambenta o esqueleto disfarça. Há uma faísca má nessa pupila graça, quieta, dormente, como as águas estagnadas. Fuma: a fumaça o envolve em
Alegres campos, verdes arvoredos Claras e frescas águas de cristal, que em vós os debuxais ao natural, discorrendo da altura dos rochedos; Silvestres montes, ásperos penedos, compostos em concerto desigual, sabei que, sem licença de meu mal, já não
Olho para o horizonte obturado: Alí um Anhangabaú transbordante feito o demônio recriando a vida marginal do húmus, e depois, tornado a renascer do concreto cingido pela história. Acolá, um Pajeú em luta contra algum Moreira César.
Grita-se ao poeta: “Queria te ver numa fábrica! O quê? versos? Pura bobagem! Para trabalhar não tens coragem”. Talvez ninguém como nós ponha tanto coração no trabalho. Eu sou numa fábrica. E se chaminés me faltam talvez sem chaminés
Desde o momento que recebi o livro emprestado por um amigo e dei uma primeira folheada, eu já sabia que não resistiria à tentação, que a coisa iria virar crônica. Mas vamos à obra, com pressinha, antes
Ela entrou, esfuziante. Do cantinho do bar, eu a observei abraçar a todos, dar risadas, pedir um drinque qualquer e sentar-se de pernas cruzadas e cruzadas de novo. Só ela sabia enroscar as pernas assim. Tinha essa energia
Escuta: o que passou passou e não há força capaz de mudar isto. Nesta tarde de férias, disponível, podes, se quiseres, relembrar. Mas nada acenderá de novo o lume que na carne das horas se perdeu. Ah, se perdeu!