Embriaguem-se
É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso. Com quê? Com vinho,
É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso. Com quê? Com vinho,
Lá do bar, vem o rumor do pagode. Os tambores ruflam, apesar do chicote. Os socos no couro do instrumento Trazem-me de volta à razão. Se os negros, dos quais descendo, Não se renderam ao banzo e ao relho
No sertão nordestinado a feira do povo é uma economia de centavos São ovos ambicionados de um viver sextavado Um real é dinheiro digno de consideração e apreço Galinha do pé seco não dá pra quem quer Zé da
Quem és? Pergunto ao desejo. Respondeu: lava. Depois pó, Depois nada. II Ver-te. Tocar-te. Que fulgor de máscaras. Que desenhos e rictus na tua cara Como os frisos veementes dos tapetes antigos. Que sombrio te tornas se repito O
Gosto de poema que fala de ovo frito latido de cão e cheiro de queimado. Poema que com pequenos cortes vara as coisas pequenas fura a casca o odre rasga a placenta e deixa gotejar o fino sangue.
Pai de família cadê a vida regrada que tavaqui? Talk-show Defeitos? Tenho sim. Muito. Sou muito humilde. E me sacrifico muito pelos outros.
Desce o rio cheio de anjos na água turva do sangue coagulado Rostos e asas passam pelas casas rumo ao mar de Arcanjos meus ancestrais
O campo atravessando, a Morte me aparece Com uma foice às mãos, a ceifar sua messe Por seus ossos entrando a luz crepuscular No ermo em que tudo parecia vacilar Ao homem que espreitava, a foice reluzia E nos
Estou escrevendo essas mal traçadas (que expressão mais kitsch, minha gente, apesar da boa intenção de brincar com um lugar comum!) porque tive o privilégio de receber em cima da hora um exemplar do último romance de Umberto
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baça da terra Que é Portugal a entristecer – Brilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo-fátuo encerra. Ninguém sabe que