A força da cor
A vida não é palavra, Van Gogh provou. A vida é cor, a vida é cor. A cor diz: se há prazer ou dor, se há trevas ou se há luz, pobre dos escritores que só têm o alfabeto
A vida não é palavra, Van Gogh provou. A vida é cor, a vida é cor. A cor diz: se há prazer ou dor, se há trevas ou se há luz, pobre dos escritores que só têm o alfabeto
Gabinete, vinte e duas horas. Ruas desertas, um carro lá embaixo nos espera. Uma abelha, listras escuras sobre um fundo ocre, zune impaciente sobre a mesa. – Ô, minha senhora, que fazes a trabalhar a essa hora?
Pouco render, e muito sofrer: essa é a consigna de dona Fulana, vendedora de doces na Esplanada. Manhãzinha, tabuleiro na cabeça, chega, arma sua pequena barraca, aguarda freguês. Vem lá de Riacho Fundo, de ônibus, mercadejar suas coisinhas
Ponto de contato entre o amanhã e o sempre, a cidade desenrola-se deserta. Recebe a distância de todos — fugitivos da rotina, arribados em demanda de campos ou outras estâncias plausíveis. Ficamos nós, estrangeiros, exilados no Planalto Central,
Para não ficar espetada nas antenas, Ganha altura com lentidão e cuidado. Vai subindo, arranhando-se toda Na epiderme áspera dos arranha-céus. As Delícias do Amargo & Uma Homenagem poemas – Adalberto Monteiro Editora Anita Garibaldi, 2006 Adalberto Monteiro, Jornalista
Eu face a face com o sol, Ele cara a cara comigo, Não sei qual dos dois Fornece mais energia ao outro. As Delícias do Amargo & Uma Homenagem poemas – Adalberto Monteiro Editora Anita Garibaldi, 2006 Adalberto Monteiro,
Escrever poesia, sempre. Com a persistência E a luminosidade do sol. As Delícias do Amargo & Uma Homenagem poemas – Adalberto Monteiro Editora Anita Garibaldi, 2006 Adalberto Monteiro, Jornalista e poeta. É da direção nacional do PCdoB. Presidente da
Bar na 306 Norte. O samba come solto na voz de um negro carioca, que canta todos os sucessos da Estação Primeira de Mangueira e um pouco mais. Minha filha, oito anos de energia concentrada, dança e canta
Chove no planalto central. No meio da tarde, um chuvisco, filho do pé d'água de véspera, toma conta da paisagem. De um cinza claro, feito algodão sujo, o céu esmaece o brilho das disposições niemeyeranas. Passeio com
As crianças em seu caminhar Sinuoso e cambaleante. Quantas quedas, quanto choro! Quanta imperfeição, tudo por aprender! Todavia nelas reside a esperança do mundo. As Delícias do Amargo & Uma Homenagem poemas – Adalberto Monteiro Editora Anita Garibaldi, 2006