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Colunas

Canção a bandeira rubra
Canção a bandeira rubra

Amanhã na vastidão da avenida, No mar de gente, Em vez de cavaleiro, Serei teu mastro andante. Haverá muitas outras, Mas o meu coração vibrante Fará de meus braços um galho gigante E neles hasteada irás bailar Bem ao

Um espectro que ronda
Um espectro que ronda

Descemos o rio. Chegados à foz, estuamo-nos com as águas. No confronto com as ondas, desfizemo-nos em lascas de pau, tecidos e moléculas de carbono. Hoje, somos mar, plenos de monstros e abismos.

Preta
Preta

Era inaudível. Mas brilhava que quase iluminava o sol. Isso!: um meio-dia em minha vida, aquele sorriso e sua alegria. Quando, vez primeira, a meia-noite daquela pele penetrou aguda minhas narinas, vi-me, na sala cheia de lua, em campo

Entre fato e vontade
Entre fato e vontade

Montes de saudades, coorte absurda de sentidos postos à prova – esse o caminho de quem antecipa manhãs e não vive cada aurora e seu tempo de felicidade? Pontes de lamento entre o ser presente e o projetar-se, os

Depoimento em roteiro
Depoimento em roteiro

      Ela estava em frente ao espelho retocando a maquiagem enquanto via-o deitado tentando ler no vazio o avesso da alma. Com calma, despede-se com um beijo.       Pelo corredor apertado sai de passo sobrepesado. Atrás dela, no quarto

Conselho
Conselho

Penumbre o quarto e tudo assemelhar-se-á à dor. Contemple-a: de seu mar, profundo e estreito, surgirá tudo o que possa imitá-la: plantas aquáticas, ornitorrincos, mamíferos gigantes qual montanhas moventes; tigres de barbatanas e carne nos dentes – entes que

Paisagem e gado de corte
Paisagem e gado de corte

      Quando era tardezinha era a hora de reunir o gado. Não eram muitos. Uns vinham cabeceando contraditados, outros vinham mansos, mas, todos vinham e chegavam até onde se queria, mesmo que um querer fosse andar em roda sob

Fragmento de um papo de comadres na periferia de São Paulo
Fragmento de um papo de comadres na periferia de São Paulo

      – Vamo morrer hoje?       – Hoje?!       – É.       – Eu e você?       – É: eu e você mais os minino.       – Ah, hoje não. Deixe pra morrer amanhã.       – Olha que Noélia

De coisas e pessoas
De coisas e pessoas

      Luzes numerosas evidenciavam a cidade. Ruas, alamedas, prédios, casas de família e de prostituição iam se revelando a cada lâmpada acesa pela tarde que morria. Lá pelas oito, vista do alto da serra, o lugar era um bloco

Ascensão e morte de uma velha senhora
Ascensão e morte de uma velha senhora

      Estava sempre ali. Imóvel. Sentada perto do fogão. Passaram-se os carnavais, baixavam os canaviais e ela estava sempre ali, sentada, se apequenando.       Um dia lhe deram de presente um radio de válvulas que só funcionava duas vezes