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Colunas

Aula de volante
Aula de volante

      Ele nunca tinha dirigido, morria de medo do volante, tinha muita vontade mas nunca tinha aprendido. Um dia perdeu o medo e entrou numa auto-escola. Primeiro dia de aula, entrou no carro e o instrutor passou as orientações:

Se me chamasse Raimundo…
Se me chamasse Raimundo…

      O mundo se surpreenderia com que teria para falar. Nem saberia como começar. Talvez pelos detalhes, para depois chegar ao principal. Assim, iria progressivamente intensificando o suspense, valorizando com isso o assunto.       Ou então, entraria de chofre

Quase memória
Quase memória

      De tudo, só restou aquela cigarreira folhada a ouro – pequeno monólito dourado na mão fina.       Afinal, não era monólito: oca, tinha o espaço para as cigarrilhas. Mas ela gostava da imagem. Monólito, então.       Tomou o

La mar
La mar

– La mar, La mar! Como um mar de todos os mares Ela pulsa como as ondas Flui em goles de chichia. Quente como a lava de um Osorno distante, incontinenti como uma cavalgada Mapuche. Infinita num mar de

Que speranza?
Que speranza?

      – Ma como rebaxado!?       – Rebaixado, seu Hilário; a gente fomos rebaixado.       Seu Hilário deu entrada no Servidor Público com uma crise de riso. Às gargalhadas, foi depositado no primeiro banco do saguão do hospital por

Coração secundarista
Coração secundarista

Poderia te escrever mil poemas, cidade, falando de tuas lâmpadas e de teus gases que poluem teu céu. Poderia dizer de teus bares ou de tuas favelas contrastando as cores de teu corpo e alma. Mas falarei de outros

Cinema
Cinema

      Estava em casa, tinha recém acordado, peguei o jornal, quando uma grande vontade de ir ao cinema me tomou de assalto. Abri o jornal em entretenimento, não estava muito disposto a longos percursos, por isso escolhi um cinema

Nomes
Nomes

      – Dona Marinalva, venha cá.       Dona Marinalva não era propriamente dona, no sentido clássico de senhora, proprietária de sesmarias, dominadora de horizontes. Seu chefe chamava-a de dona pelo hábito que todos os chefes têm de chamarem assim

O sem-tempo
O sem-tempo

Não temos tempo. O tempo só se oferece a quem dele não necessita trégua nem descanso ou esquecimento.

Patrimônio histórico
Patrimônio histórico

      Na casa, havia uma negra passando roupa (ninguém achou que fosse a dona).Virei a porcelana e vi a inscrição: Johnson Brother's. A mesa estava posta com cristais, guardanapos e prataria Inglesa, o porão repleto de morcegos e instrumentos