Jovens, eles têm energia pra dançar o dia todo. São ávidos pelo novo, pela aventura, desejam ser sujeitos dentro da realidade que os quer objetos.

      Quando chegamos, a escola estava destruída: banheiro queimado, janela de aço da cozinha estourada a pontapés. Os vidros, quase todos quebrados, e as paredes, pichadas. Lembrei-me do Arnaldo Jabor, indignado com a pichação no monumento Airton Senna, uma "falta moral". A estética do feio, do sujo e do malvado, já capturada pelo cinema, não pode, ainda, ser digerida sem restrições pela televisão em sua antropofagia às avessas que tende a "naturalizar" toda expressividade de contestação e denúncia, e assim, não pode, ainda, ser servida dispensando o acompanhamento, a lição de moral. Alguns dizem: "Grafite sim, pichação não! não é estética". Mas sim, é estética. A pichação apresenta a estética do feio, do sujo, produzida por quem quer se expressar mostrando sua ousadia, deixando a sua marca, a marca da sua região, chamada de periferia. Não raro, são os mesmos jovens que por "pura malvadeza", segundo disse uma inspetora de alunos, destroem as escolas.

      Bem, na referida escola, em São Miguel, seria apresentado o espetáculo "BIROSCA-BRAL", que alia comedia dell'arte a potencialidade do Hip Hop, objetivando incentivar a expressividade natural dos alunos. Por determinação da direção da escola, contra a disposição dos atores, os "malvados" foram impedidos de assistir o espetáculo e foi pela informação desta deliberação que tomei ciência do motivo que desencadeou o quebra-quebra: a negativa de uso de um aparelho de som ¾ os alunos queriam dançar.