O tempo nos faz menos jovens
e mais juízes
– senhores de nenhum destino,
aprendizes de muitos outonos.

Negamos o tempo,
embora ele sempre nos devore
(talvez o neguemos porque nos devore);
devoramos o tempo,
loucos para que ele se consuma
e nos consuma
neste incessante tique-taquear de
engrenagens;
materializamos o tempo em engrenagens
para poder dominá-lo;
conferimos-lhe ponteiros e sinais
dimensionais;
damos-lhe coração e o poder de nos despertar
(feito o canto do galo em outros tempos.
Mas, ao galo, não demos o canto desperto.
Já lhe veio dado pelo tempo…).

Inútil:
O tempo, tempo continua

– indomável