O momento é grande,
largo feito a Praça da Sé
em dia de luta.

O presente é largo
e não nos larga os punhos
por mais que o neguemos
tempo e necessário.

Temos desejos a cumprir.
Desejos de uma história
que se impõe determinada
ante nossos olhos incrédulos
e cheios de tanta esperança.

Somos a geração do genocídio
da primavera e do verde
sumo do açúcar.
A geração do desespero de outras gerações
feitas de medos e igual esperança
acalentada.

Mas
somos, acima de tudo,
a geração do presente
(não na condição de gerados,
mas de geradores).
Não nos é ofertado cantar
o futuro,
que este se canta
tramando este hoje guerrilheiro,
resistente como as nações
aborígenes de nossos avós.

Vamos, pois,
ao presente.
E que ele nos devore
em seu afã de fazer-se amanhã
diverso e inadiável.