Imagine uma página de papel dobrada assim ao meio, verticalmente. Agora imagine escrever toda a emoção de um dia com meio potencial, meia possibilidade de desenvolvimento, meio espaço, meio horário gratuito de televisão, meia comida (e isso já é muito, quando as probabilidades são de nenhuma), meia escola, meia liberdade, meia vida. Imaginou?

      É. E já constatou que meia coisa é quase um nada inteiro… Mas só quase. Nesta metade de folha se pode escrever muito, se pode amar muito, porque o povo sabe o segredo da multiplicação dos pães (mesmo quando não há nenhum).

      Pois não se desanime, nem desespere, meu amigo, com meia página, com meias linhas, com a meia vida que se leva.

      De metades se fazem os inteiros e, dos inteiros, as multidões que lotam as praças e as ruas, os cadernos e os livros, a Terra e o amanhã completo e feliz!