Quase mil pessoas assistiram no V Fórum Social Mundial em Porto Alegre, a este evento promovido pelo Instituto Maurício Grabois, que contou com as intervenções de representantes de 26 institutos, centros de estudo e publicações marxistas e progressistas.

Usaram a palavra: Renato Rabelo (Brasil), Roberto Regalado (Cuba), Pan Ming Tao (China), Tran Dac Loi (Vietnã), Renan Raffo Munoz (Peru), John Catalinoto (EUA), Gilles Garnier (França), Rony Corbo (Uruguai), Mario Alderete (Argentina), Henri Houben (Bélgica), Ignácio Pizarro (Bolívia), Oscar Azocar (Chile), Jaime Caycedo (Colômbia), Sven Tarp (Dinamarca), Quim Boix (Espanha), Jordi Ribó (Catalunha/Espanha), Debbie Bell (EUA), Nikos Seretakis (Grécia), Jan Ilsink (Holanda), Vardarajan (índia), Ananias Maida-na (Paraguai), Manuela Bernardino (Portugal) e Oscar Figuera (Venezuela).
O conjunto das exposições constituiu um rico e diversificado repertório da luta pelo socialismo no presente, a partir da singularidade de cada continente e país representado na mesa. Os representantes de Cuba, China e Vietnã, ao lado da exposição de suas opiniões acerca da situação da luta dos trabalhadores no plano mundial, discorreram sobre o esforço de construção do socialismo em seus países.

Os pronunciamentos, em seu todo, sublinharam as vicissitudes e lições da luta revolucionária após a dissolução da União Soviética, quando se instaurou a denominada "crise do socialismo''. Foi ressaltada a necessidade de se fortalecer a luta revolucionária levando-se em conta as especificidades de cada realidade nacional.

O evento foi encerrado com os presentes, em pé, cantando o hino dos trabalhadores – a Internacional. Dada a riqueza do seminário, o Instituto Maurício Grabois (IMG) pretende publicar seu conteúdo na íntegra.

Para o IMG, que coordenou a mesa em nome dos promotores: "a máquina de propaganda do imperialismo disseminou nos anos '90 a falência do socialismo, apregoou que o marxismo tornara-se uma teoria caduca.

Os porta-vozes de WallStreet proclamaram o fim da história e vislumbraram uma existência eterna do imperialismo. Bush pai, à época no trono do Império, prometeu aos povos uma nova era de paz e prosperidade. Quinze ou dezesseis anos se passaram desde a eclosão daquele tremor que provocou mudanças na geopolítica mundial, daquele abalo sísmico no mundo das idéias. O capitalismo adentrou numa etapa da sua internacionalização e para tentar superar mais uma de suas crises impôs aos povos o neoliberalismo. A promessas de paz e prosperidade revelaram mais uma vez uma fraude. O resultado é um mundo mais desigual, a riqueza centralizada e concentrada num círculo estreito de grandes potências e gigantes monopólios, enquanto dezenas e dezenas de povos e países são condenadas ao atraso e à miséria".

Sobre a atual realidade mundial, o pronunciamento do IMG afirmou que "aos povos que lutam pela paz, o imperialismo impõe a guerra; aos países que lutam em defesa de sua soberania, do direito ao desenvolvimento, o imperialismo impõe, a ferro e fogo, o neocolonialismo, o saque e a pilhagem pelas teias do capital financeiro. O imperialismo fere a cada dia mais os mares, os rios, as florestas, os animais, a atmosfera, pela essência insana do capitalismo. Terra é hoje um belo planeta mutilado.
Esta realidade mundial, repleta de iniqüidades, objetivamente, recoloca no horizonte dos povos o socialismo. O socialismo se irrompe outra vez como alternativa à barbárie que nos cerca"'.

Quanto à perspectiva do socialismo hoje, este "se insurge como produto da realidade objetiva; à medida que o capitalismo ceifa todos os sonhos e aspirações dos trabalhadores e da humanidade, ele, também, brota no solo de todos os continentes com o vigor do arroz, do trigo e do milho porque houve luta, houve e há resistência, labor teórico, luta política, dos trabalhadores, dos oprimidos de todas as partes do mundo. Esta resistência, esta luta política, esse labor teórico da corrente revolucionária, marxista, proletária, tem renovado a teoria da revolução, o marxismo-leninismo; e o socialismo se apresenta rejuvenescido, enriquecido pelo olhar crítico da história. Muito acertadamente o Fórum Social Mundial proclama aos povos que outro mundo é possível. Sim, um novo mundo – socialista – é possível"

EDIÇÃO 77, FEV/MAR, 2005, PÁGINAS 55