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    Comunicação

    A Berlim

    Vós os vereis surgir da aurora mansa Firmes na marcha e uníssonos no brado Os heróicos demônios da vingança Que vos perseguem desde Stalingrado. As mãos queimadas do fuzil candente As vestes podres de granizo e lama Vós os vereis surgir subitamente Aos heróicos prosélitos do Drama. De início mancha tateante e informe Crescendo às […]

    POR: Vinícius de Moraes

    Vós os vereis surgir da aurora mansa
    Firmes na marcha e uníssonos no brado
    Os heróicos demônios da vingança
    Que vos perseguem desde Stalingrado.

    As mãos queimadas do fuzil candente
    As vestes podres de granizo e lama
    Vós os vereis surgir subitamente
    Aos heróicos prosélitos do Drama.

    De início mancha tateante e informe
    Crescendo às sombras da manhã exangue
    Logo o vereis se erguer, o Russo enorme
    Sob o sol rubro como um punho em sangue.

    E ao seu avanço há de ruir a Porta
    De Brandemburgo, e hão de calar-se os cães
    E então hás de escutar, Cidade Morta
    O silêncio das vozes alemãs.

    Rio, 3/02/1945
    às vésperas da queda de Berlim

     

     

    Vinícius de Moraes – Jardim Noturno – Poemas Inéditos
    Companhia das Letras
    Organização e Seleção Ana Miranda
    Editora Schwarcz ltda.

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