“A diferença fundamental está no tratamento dado aos fluxos de capitais.” A opinião é da economista Leda Paulani, presidente da Sociedade Brasileira de Economia Política (SBEP) ao analisar a clara diferença entre os perfis produtivos dos países que compõem o grupo dos quatro maiores países emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China (Bric).

Durante o Encontro Empresarial Bric-Ibas (inclui a África do Sul), ficou claro que Rússia e Brasil, ao optarem pela liberalização financeira, tendem à primarização da pauta de exportações. Enquanto isso, Índia e China cada vez mais sofisticam a produção.

“A abertura financeira deixa os países escravos do curto prazo, sem autonomia para fazer políticas de desenvolvimento”, comenta a economista.

Já um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econîmica Aplicada (Ipea) mostrou que carne, produtos à base de óleo e semente e os recursos naturais são os itens mais competitivos na pauta de exportações brasileira.

Por sua vez, China e Índia priorizam os produtos com elevado nível de trabalho e sofisticação tecnológica, como semicondutores e softwares.

A China, no entanto, não rejeita a entrada de investimento produtivo. Em 2008, o país recebia 60 vezes mais investimento estrangeiro direto (IED) do que em 1990.

“Essa entrada de capitais não valoriza a moeda chinesa, o iuan, porque lá existe administração do câmbio”, destacou Leda.

Já a Índia recebia US$ 1,7 bilhão por ano, em 2000, e oito anos mais tarde o montante de IED chegou a US$ 16 bilhões, a maior parte direcionada para o setor de Tecnologia da Informação (TI).

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Fonte:  Monitor Mercantil