De acordo com o economista Reinaldo Gonçalves, professor de Economia Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a crise na Grécia, classificada por ele como “tragédia grega”, deve servir de alerta para o Brasil.

“O povo grego está indo para a rua, por causa do desemprego, que já atinge 12%. O país está pagando pelo descontrole dos gastos, que começou com as Olimpíadas de Atenas, mas não deu salto de competitividade, como ocorreu na China e, certamente, ocorrerá na Inglaterra após os jogos de Pequim e Londres, respectivamente.”

Gonçalves destacou que, para a Grécia, que em 2010 deve ter déficit externo de 9,7% do PIB, as Olimpíadas “em vez de ponte, passaram a ser freio” para o desenvolvimento.

“Hoje o mundo não quer financiar a Grécia. O governo sabe que tem de usar medidas drásticas, mas está usando o FMI para não degradar politicamente além do que já se degradou. Nesse sentido, a “tragédia grega” repete a brasileira, de recorrer ao fundo”, comparou, informando que o FMI reviu sua projeção para o déficit em conta corrente do Brasil este ano de US$ 49 bilhões para US$ 55 bilhões.

Gonçalves disse que França e Alemanha, os países mais ricos da Europa, estão com medo do efeito dominó no continente, mas, ao mesmo tempo, não querem pagar a conta. “E o efeito dominó parece irreversível. A Espanha, por exemplo, amarga desemprego que se aproxima de 20% da população economicamente ativa, o déficit em transações correntes deve fechar 2010 em 5,3% do PIB, enquanto o déficit público gira em torno de 10%.”

O economista, porém, apontou Portugal como a próxima pedra a cair. O país tem déficit nominal de 8,7% do PIB e 9% em transações correntes. “Os países mais pobres da Europa estão em situação dramática”, resumiu, destacando, ainda, Irlanda, Eslovênia e Eslováquia, entre outros.

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Fonte: Monitor Mercantil