No encontro com diversos empresários, a maioria deles sul-africanos, o presidente começou seu discurso falando que os antigos governantes brasileiros demoraram para perceber o quanto a África é importante. “Tenho o orgulho de ser o presidente que mais vezes visitou o continente africano. Em oito anos, conheci 27 países do continente. Na África do Sul esta é minha terceira visita”, disse Lula.

O presidente disse que firmou uma promessa para ter voos do Brasil para a África do Sul feitas por empresas nacionais. “Eu disse ao presidente Zuma (Jacob Zuma, presidente sul-africano). É uma vergonha um país com 190 milhões de habitantes como o Brasil não ter empresas de aviação comprometidas a fazer voos para a África do Sul. Nesses últimos seis meses de mandato que tenho faço essa promessa. Para ir para Londres daqui se levam quantas horas? 10, 12? Para o Brasil são menos de nove horas. Não é possível que em uma viagem entre Fortaleza e Cabo Verde, que dura três horas, uma empresa de um país pequeno como Cabo Verde ser a responsável pelo voo”, afirmou.

“Isso acontece porque durante muito tempo tivemos uma elite subserviente no Brasil, que achava que devíamos fazer negócios com a Europa e Estados Unidos, esquecendo a América Latina, a América do Sul e a África.” De acordo com o Lula, o pensamento neste século tem de ser diferente e os países emergentes tem que acreditar que é possível sim competir com as potências mundiais. Para isso, o presidente pede mais união entre africanos e latino-americanos.

“Os sul-africanos e latino-americanos só querem exportar para países como Estados Unidos, Japão, China, França, Alemanha. Todo mundo quer vender para eles. A crise nos países ricos precisa nos motivar a pensar diferente do que foi feito no século 20. Durante muito tempo nós olhávamos para o mundo sem enxergar a África e a África olhava para o mundo sem enxergar a África do Sul. A elite brasileira manteve a cabeça colonizada mesmo depois de 200 anos de independência”, disse Lula.

“Temos que mostrar o que cada um (África do Sul e Brasil) tem a produzir que pode ser útil para o outro país. Helicópteros, avião de carga, agricultura. Estou convencido que vamos ter uma revolução nos próximos 15 anos na agricultura das savanas africanas assim como tivemos no cerrado brasileiro. Os países ricos tem que ver que o etanol da cana de açúcar é três vezes mais econômico. Ao invés dos países ricos comprarem combustível da Arábia Saudita podia comprar etanol da África. Temos que começar a brigar. Não é uma briga raivosa. Uma briga de companheiro. Para mostrar que queremos competir com os países ricos de forma igual”.

O presidente aproveitou para fazer críticas duras ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e ao Banco Mundial. “Nós não sabemos a quantidade de dinheiro podre que tem nos bancos europeus e americanos. Quando a crise era no Brasil, o FMI e o Banco Mundial tinham uma delegação no País de três em três meses dizendo o que devíamos fazer. Agora, a crise na Grécia eles não tem uma explicação. Porque ninguém dá uma explicação. A crise na Grécia quase leva França, Portugal e Itália de ‘rodão’”.

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Com agências