O trem que traz a noite
O que faz essa tarde luminosa
descartar o lírio,
aborrecer a rosa?
É que o trem que traz a noite
está atrasado.
A tarde quer encontrar seu namorado
e não tem quem deixar em seu lugar.
Se o trem que traz a noite
não chegar,
há de haver bastante alteração:
O dia vai ficar bem mais comprido
e acabar pisando no vestido
da manhã de amanhã
que aguarda a vez.
Quando o trem que traz a noite
vir o que fez,
vai tratar de acertar a sua hora,
pois um trem que se preza
não demora
no vai-e-vem que vem e vai
de lá pra cá.
Ninguém segura a paixão abrasadora
entre uma tarde luminosa e um sabiá.
Flora Figueiredo, nasceu em São Paulo, formou-se tradutora de inglês, com certificado de Proficiência na língua inglesa – Universidade de Michigan. Escreve poemas desde criança. É membro da União Brasileira de Escritores. Ganhou prêmios como: Concurso Veia Poética (1981), III Concurso Mackenzie de Poesia (1982) e I Concurso Vinícius de Moraes (1983). Livros Publicados: Florescência, Calçada de Verão, Amor A Céu Aberto, Estações, O Trem que Traz a Noite, Chão de Vento, Limão Rosa.
http://www.florafigueiredo.com/