O Brasil é dono de rica biodiversidade, que se encontra distribuída ao longo de cinco biomas. Por suas dimensões, riquezas e diversidade biológica e sociocultural, a região amazônica e o cerrado encarnam em si o imenso desafio da construção de um novo projeto nacional de desenvolvimento.

Em seus 5,5 milhões de km² (61% do território nacional), a região amazônica reúne 350 milhões de hectares de floresta primária e 20% de toda a água doce do planeta. Detentora de um dos mais complexos ecossistemas do mundo – que abriga uma biodiversidade tão cobiçada quanto desconhecida e inexplorada –, a Amazônia é concebida ainda, infelizmente, como um problema “regional”, e não como um desafio de toda a nação.

O mesmo pode ser dito do Cerrado, que, com seus mais de 2 milhões de km², é o segundo maior bioma do país. Localizado em pleno Planalto Central brasileiro, o Cerrado é a principal área de recarga do Aquífero Guarani e concentra as três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata). Hoje é a principal fronteira de expansão agrícola do país, devido à intensa ocupação agropastoril, restando, segundo pesquisas, apenas 17% de áreas de vegetação nativa nesse bioma único e particularmente importante.

Qualquer iniciativa que tenha como objetivo impulsionar o desenvolvimento econômico e social não pode passar ao largo dessas regiões estratégicas. É necessário que as capacidades nacionais de geração de conhecimentos se debrucem sobre os dilemas, as potencialidades e os desafios colocados ao desenvolvimento de ambas as regiões. Só assim será possível valorizar suas riquezas naturais e socioculturais, promovendo o desenvolvimento sustentável, evitando a biopirataria e a degradação e transformando nosso país, simultaneamente, em potência alimentar, ambiental e energética.