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Jorge Amado: um cidadão do Brasil e do mundo

7 de dezembro de 2012

Fundação Maurício Grabois homenageia o centenário de Jorge Amado

A solenidade foi aberta pelo presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, que destacou o legado que Jorge Amado deixou não só para o Brasil, mas também para o mundo.
E acrescentou que as obras do escritor alimentaram e continuarão a alimentar a cultura brasileira.

“Queremos, na passagem do centenário de Jorge Amado, destacar a importância do acervo literário desse notável escritor baiano para a língua portuguesa. Jorge foi um brasileiro que, ao logo de sua vida, soube se vincular às boas causas. Foi eleito deputado constituinte em 1945, pelo Partido Comunista do Brasil (PCB, sigla usada na época), e realizou um trabalho que influenciou e influenciará gerações”.

O evento contou com a presença do professor e doutor em Literatura, Jeosafá Fernandes Gonçalves, que coordenou a mesa de debates;  do professor da Universidade de São Paulo (USP), Marcos da Silva; do doutorando no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada e Estudos de Linguagem, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Fábio Wolf; da professora e pesquisadora das literaturas de língua portuguesa, Susana Ventura; e do jornalista do Portal Vermelho e da Classe Operária, José Carlos Ruy.

Projeto literário

Durante entrevista, Jeosafá Fernandes falou sobre o projeto literário desenvolvido por Jorge Amado. Segundo ele, o escritor soube como ninguém associar sua posição política e pessoal de comunista à sua arte.

”Houve um momento em que ele se afastou dessa posição, mas em sua obra literária ele continuou mantendo a espinha dorsal desse projeto, sempre buscou destacar o protagonismo do povo, com a representação das classes pobres. E ele fez tudo isso por uma linguagem inteligível a todos, especialmente para os trabalhadores”, explicou Fernandes.

Jeosafá ainda destacou que “Jorge Amado fez parte de uma geração de escritores que rompeu com o palitó e gravata com os quais a literatura brasileira estava vestida. Ele foi e é o escritor da linguagem jornalística, clara, informal, ou seja, popular. E esse modelo era extremamente revolucionário, pois, naquele momento, escrever literatura significava escrever de maneira acadêmica, empolada e ininteligível”.

Uma obra perene

Durante as intervenções, uma característica do autor foi salientada por todos: a perenidade de sua obra.

Adalberto Monteiro, que também é secretário de Formação do PCdoB, lembrou que “a obra de Jorge Amado resiste ao tempo, é perene e se projeta para o futuro”. Para o dirigente, a literatura deste grande escritor conferiu ao povo brasileiro maior expressão e espaço.

“A sua obra é um marco, e lançar este suplemento é reafirmar toda a contribuição desse grande artista para a cultura, as artes de forma geral e, também, para a política. E mais, quando dizemos que sua obra foi traduzida para mais de 50 países, significa dizer que sua obra contribuiu para difundir o modo de ser do brasileiro, a sua história, as suas lutas. E isso não irá parar”, pontuou Adalberto.

Jeosafá explica que essa permanência está ligada aos temas muito populares, que se ligam à formação do povo brasileiro, aos trabalhadores. Mas também tem relação com uma forma literária que ainda é moderna e extremamente contemporânea.

“Jorge foi um autor que teve liberdade suficiente para assumir posições políticas até quando ele quis e se afastar um pouco disso também quando achou que era o momento. Então, Jorge Amado, mesmo na chamada segunda fase, na qual a política aparece de uma maneira mais subliminar, sempre deixou bem claro qual projeto defendia, e isso faz com que sua obra sempre apresente algo”, externou o pesquisador.

Amado comunista

José Carlos Ruy disse que Jorge Amado foi um escritor comunista e continuou sendo, mesmo depois de ter deixado o Partido. Para ele, isso se deve ao fato de sua obra sempre ter cantado o povo brasileiro. Ele acrescentou que Jorge foi um homem que lutou pela liberdade, descreveu os brasileiros, seus sonhos, contradições e esperanças.

“Penso que foi pioneiro ao levar em conta que o brasileiro é um povo uno e único. Seus personagens são gente pobre, trabalhadora, que luta pela vida e resiste à opressão e à miséria. São negros, brancos, mulatos, mestiços de todos os tipos, imigrantes aqui chegados”, refletiu o jornalista.

Ele lembrou que “a resistência foi um forte tema tratado pelo escritor e que essa resistência era a resistência dos trabalhadores contra a opressão de classe, das mulheres contra a opressão machista, dos negros contra a opressão racial. São lições de luta e de vida presentes seja nas obras iniciais – como País do Carnaval, Cacau, Jubiabá, Capitães de Areia, São Jorge dos Ilhéus -, seja nas obras militantes – como O cavaleiro da esperança ou Subterrâneos da liberdade -, seja no ciclo iniciado com Gabriela Cravo e Canela”, destacou José Carlos Ruy.

Resgate da história

Adalberto também falou sobre a importância de se conhecer a história, especialmente a história do país e do Partido. “Fazer esse trabalho, resgatar essa história é a razão de ser da Fundação Maurício Grabois. Ou seja, estamos cumprindo o papel de disseminar e agregar. E, entre essa produção e elaboração, está esse universo da memória e da história do movimento operário, do movimento comunista. A Fundação publicou as biografias de João Amazonas e de Maurício Grabois. Também publicamos um livro – Vidas Veredas Paixão – que retrata a vida e a luta das gerações dos comunistas, dos anos 1960 para cá. Então é muito importante que o povo brasileiro saiba que esse Brasil, que olha com esperança para o futuro agora, para chegar até aqui,  precisou da luta de várias gerações. E os comunistas participaram da construção desse Brasil”.

O vídeo com a homenagem da FGM para o centenário de Jorge Amado na TV Grabois pode ser visto aqui.