MANHECENÇA CAIPIRA NO MEU PARAÍSO
O dia nasce ao cantar do galo
Dos sabiás e pintassilgos,
Na amoreira rente ao quarto dos meninos
Do mugido das vacas com seus bezerros,
Livres do curral e da ordenha
E o cocheiro chega a casa
Com dois baldes de leite; espumante
Muuuuuuuuuuuuuuuhhhh, reclama
O bezerrinho, ansioso pelo leite escondido da mãe… .
Lá no alto do morro
Do angical enfeitado, veem-se as flores
Do ipê amarelo, repleto de aves
Que Anuncia o tempo de plantar
Lá no brejo a saracura pia
Chamando filhotes…
Na cerca da casa, o cipó de São João, florido
Onde os coitelo vem buscar o mel
Que divide com a jataí
E um bando de quero-quero fazem a fuzarca
Dirigindo a orquestra da Natureza, que acorda bemol
Um bando de urubus fazem círculos no trecho do eito de arroz…
E os fogo-apagou, fazem vôos rasantes
Com as rolinhas e tico-ticos
Rumo ao palhal da máquina de arroz e café
Que se beneficia, dos quais se alimentam
Correndo os campos no mugido do gado…
E a eguinha preta, que acabou de dar luz ao potro
Que se apoia sobre as pernas, tremilicando…
Escuta-se o mugir fanhoso dos bezerros
Agora alimentados e folgazões
Vê-se no caminho que atravessa o pântano
As cotias e os preás, passarem em bandos
Uma mamangaba de barriga amarela espanta
Um carneiro, que sai dando cambalhotas
Em meio aos cabritos; dando pinotes…
Ouve-se o trote dos potros em reinações
Tomo meu café com leite,
Com bolo de fubá e queijo
E me preparo para ir pescar
Tambiús e lambaris no córrego
Antes, me refresco naquelas águas
Do córrego do Pântano
Depois, apanho as iscas, minhocas!
E as acomodo na lata de massa de tomate
(Algumas, das brabas, tentam sair)
Quarenta lambaris!, depois, volto à casa
Não sem antes apreciar o meu próprio canto
Meu paraíso!!!!!!!!!!!!!!
Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 7 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de três outros publicados em antologias junto a outros escritores.