Adeus, Dynéas Aguiar! Você está presente!
Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois, lembrou o entusiasmo de Dynéas Aguiar ao levantar o punho para saudar o Partido, na solenidade que homenageou o centenário de nascimento de João Amazonas e Maurício Grabois, ocorrida ali na mesma Câmara dos Vereadores. Ele encerrou a homenagem convidando a todos para repetir o gesto que Dynéas certamente faria junto, se vivo.
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Dynéas Aguiar morreu na quinta-feira (13), em decorrência de uma pneumonia e da luta contra a miastenia — um distúrbio neuromuscular de caráter congênito crônico ou autoimune — que o atingiu nos últimos anos. No velório, compareceram lideranças do Partido, como o vereador Orlando Silva, presidente do PCdoB paulistano; Nádia Campeão, vice-prefeita de São Paulo; Jamil Murad, presidente estadual do Partido; André Tokarski, presidente nacional da União da Juventude Socialista (UJS); e Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois e secretário nacional de Formação do PCdoB — além de militantes e amigos que se emocionaram com os familiares.
Últimos remanescentes
Renato Rabelo lembrou toda a trajetória de Dynéas Aguiar e a enorme contribuição que ele deixou para a formação política de quadros e militantes, com a estruturação da Escola Nacional do PCdoB. “Dynéas foi um militante abnegado e convicto na defesa da linha política do PCdoB e da causa comunista”, disse ele. Renato Rabelo lembrou o trabalho do militante na vice-prefeitura de Campos de Jordão (SP), que enviou representação ao velório.
Também mencionou os trabalhos mais recentes no Centro de Documentação e Memória (CDM) da Fundação Maurício Grabois. Para o presidente do PCdoB, um dos momentos mais importantes de sua participação comunista foi a reestruturação partidária, após a queda da Lapa, quando dirigentes do Partido foram assassinados.
“Dyneas é um dos últimos remanescentes dos bravos camaradas que ousaram reorganizar o PCdoB na senda da revolução”, lembrou Renato Rabelo, ressaltando a participação dele na reorganização do Partido em 1962. Desta forma, ele foi fundamental na articulação de duas gerações de dirigentes que sustentaram o funcionamento do Partido em momentos difíceis. “Adeus, Careca (codinome de Dynéas na clandestinidade)! Dynéas, você está presente!”, finalizou Renato Rabelo, comovido.
Linhagem coletiva da humanidade
Dilair Aguiar discursou em nome da família, destacando a esperança de que o legado de seu pai renasça a cada dia nas lutas contra a opressão capitalista. “Após décadas de incessante luta pelo comunismo, meu pai partiu para se juntar aos seus companheiros e ancestrais de tantas lutas como Amazonas, Grabois, Arruda, Pomar e Arroyo, mas também de tantos outros ancestrais”. Dilair citou lutas históricas de todo o mundo e todos os tempos que enfrentaram a opressão do dominador com desproporção de força.
“Esses são os nossos antepassados, os que passaram da indignação para a luta. Estes são os nossos ancestrais, nossos antepassados, a linhagem coletiva da humanidade”, disse ele. Dilair reccoreu a força das ideias de todos estes que já se foram. “Quem pode garantir que quando um jovem palestino arremesa uma pedra contra um blindado israelense, seu braço também não é empunhado por um Osvaldão ou uma Elenira? Todas essas vidas estão integradas”, disse ele, lembrando outros companheiros de luta conhecidos de Dynéas Aguiar.
“Dynéas, agora você está entre os antigos, os antepassados, os ancestrais. Mas espero que, como garante a cultura indígena, que tanto você como os milhares de nossos ancestrais coletivos continuem a renascer em todas as partes do mundo, dando mais uma valiosa contribuição para o avanço revolucionário, pelo fim do capitalismo e pelo fim da exploração do homem pelo homem”, encerrou ele, com a voz embargada.
O féretro seguiu para o cemitério da Lapa, logo após essas palavras e aplausos, onde Dynéas Aguiar foi enterrado, por volta das 16 horas, deixando um legado muito vivo para ser lembrado e compartilhado.