O presidente da Bolívia, Evo Morales, foi o primeiro a se pronunciar sobre o incidente que impediu Maduro de cruzar os céus do protetorado norte-americano no Caribe. Em Santa Cruz de La Sierra, durante uma coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (19), Morales disse que irá iniciar um juízo contra Barack Obama por violações aos direitos humanos. Ele sugeriu aos países da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) que boicotem a próxima reunião da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo publicação do jornal boliviano La Razón.

O mandatário boliviano solicitou, também, uma reunião de urgência com os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), “para tratar seriamente a soberba do governo dos EUA”, declarou Morales. No mesmo pronunciamento, ele afirmou que irá pedir a “retirada imediata” dos embaixadores norte-americanos do país como sinal de “rechaço ao incidente” com o presidente venezuelano.
“Trata-se de uma agressão não só ao presidente da Venezuela, mas ao seu povo e a todos os países da América Latina e do Caribe”, concluiu Morales que telefonou aos colegas dos blocos regionais para informar a sua proposta de boicote.

O presidente do Uruguai, José Mujica, e a presidenta argentina, Cristina Kirchner responderam à Morales que pretendem assistir a Assembleia para tratar ali o sucedido com Maduro. “Vamos tentar combater (na Assembleia) o governo dos Estados Unidos e Barack Obama, com argumentos ideológicos, políticos programáticos e até financeiros”, disseram os mandatários à Morales, conforme a matéria do La Razón.

Segundo informações da agência Prensa Latina, o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, também repudiou a atitude de Washington através de sua conta pessoal no Twitter. “Repudiamos a negativa da permissão de sobrevoo do avião de Maduro a Puerto Rico”, escreveu ele que afirmou “solidariedade plena do governo do Equador com o líder venezuelano”.

“Primeiro foi com a Bolívia, agora com a Venezuela. O que eles pretendem? Colocar em risco a amizade entre os povos e a paz no mundo?”, questionou Patiño lembrando o incidente ocorrido em julho deste ano com o presidente Evo Morales, que teve seu avião impedido de usar o espaço aéreo da Espanha, França, Itália e Portugal durante sua volta da Rússia.

De acordo com a Associated Press, a embaixada norte-americana em Caracas justificou a negativa dizendo que a Venezuela requereu autorização diplomática para sobrevoar Porto Rico com pouco tempo de antecedência. O organismo informou ainda que esse tipo de permissão deve ser solicitada pelo menos três dias antes da viagem.

“Os Estados Unidos deram permissão às autoridades venezuelanas para ingressar no espaço aéreo norte-americano. O atraso na resposta por parte das autoridades ocorreu porque a solicitação não foi entregue adequadamente. Nós entregamos a autorização em poucas horas, depois que o pedido foi entregue de maneira correta”, alegou Marie Harf, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, citada em matéria da Agência Brasil.

Representantes dos EUA em Caracas também se justificaram dizendo que o presidente Maduro voava em um avião da companhia Cubana de Aviación e que autorizações do tipo são concedidas apenas para aeronaves oficiais – e esse não era o caso. O uso da empresa aérea pertencente ao governo de Havana faz parte de um acordo de cooperação entre os governos socialistas e até então jamais havia causado problemas diplomáticos – Hugo Chávez também realizava visitas presidenciais utilizando os serviços da companhia.

Neste fim de semana o mandatário venezuelano irá se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, para tratar da cooperação bilateral e o futuro das relações.

Théa Rodrigues, da redação do Vermelho,
Com informações das agências de notícias e de jornais bolivianos