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Suas criativas táticas de guerrilha promoveram as memoráveis vitórias sobre as forças de ocupação dos Estados Unidos e da França, com toda a superioridade bélica imperial, consagrando-o como um estrategista militar dos mais importantes da História. A derrota imposta às tropas colonialistas francesas em Dien Bien Phu, noroeste do país, em 1954, determinou a independência do Vietnã e o fim do domínio francês na Indochina.

Nos 20 anos seguintes, Giap, filho de camponês, preparou e comandou a vitória sobre os EUA e aliados internos, culminando com a tomada de Saigon, em 30 de abril de 1975.

Uma postagem recente nas redes sociais dava conta de sua vitalidade como professor de História em sua centenária e gloriosa existência. Nela, se recordava o livro “Vietnã, Guerrilha vista por dentro”, que empolgou a juventude da resistência brasileira ao regime militar (1964-1985).

Giap desaparece fisicamente mas mantém vivo um legado revolucionário assumido por milhares de estrategistas anti-imperialistas, alimentados em seus preciosos ensinamentos.

Sem Giap, viva Giap!

BIOGRAFIA

Giap formou-se na Universidade de Hanói, em Economia Política e Direito. Depois disso, ensinou História e trabalhou como jornalista até que foi detido, em 1930, por apoiar greves estudantis na Indochina dominada pelo colonialismo francês.

Em 1938, a França baniu o comunismo no território, então chamado Indochina, e Giap fugiu para a China. Lá, aliou-se a Ho Chi Minh, o futuro líder do Vietnã do Norte, enquanto sua irmã foi presa e executada no país; sua esposa, a socialista Nguyen Thi Quang Thai, também foi detida e acabou morrendo na prisão. Estes são episódios que pesquisadores próximos ao general dizem ter abastecido a sua revolta contra o poder colonial.

Em setembro de 1945, Ho Chi Minh proclamou a República Democrática do Vietnã e nomeou Giap como seu ministro do Interior. Entretanto, o governo durou pouco, já que a França retomou o controle e voltou a ocupar o território. Giap conseguiu apoio da China de Mao Tse-Tung para treinar e equipar melhor as suas tropas, que começaram a afastar as forças francesas das zonas rurais do norte.

Em 1954, a vitória de Dien Bien Phu terminou efetivamente a 1ª Guerra da Indochina, e o resultado dos acordos de paz foi uma divisão do país, com Ho Chi Minh governando a República Democrática do Vietnã (do norte), comunista.

No novo governo, Giap serviu como ministro da Defesa e comandante-em-chefe do Exército Popular do Vietnã. A partir da escalada do conflito com o Vietnã do Sul, apoiado pelos Estados Unidos, na Guerra do Vietnã, Giap liderou a estratégia e o comando militares, misturando táticas de guerrilha com ataques convencionais, aliados à Frente Nacional de Libertação do Vietnã (FNL).

Seus objetivos eram militares, mas também políticos: desejava que a ofensiva impulsionasse um levante no Vietnã do Sul e mostrasse que as alegações dos EUA sobre o progresso da guerra a seu favor estavam erradas.

Em 1968, após a bem-sucedida Ofensiva de Tet, as conversações de paz foram iniciadas e os Estados Unidos retiraram-se da guerra em 1973. Giap continuou no comando das tropas norte-vietnamitas quando o país conduziu uma campanha que finalmente capturou a capital do Vietnã do Sul, Saigon, em 1975.

A vitória e a expulsão das tropas estadunidenses possibilitou a reunificação do país sob o governo comunista, com Giap como ministro da Defesa e, posteriormente, vice-primeiro-ministro, em 1976. Giap entrou para a história como um grande líder militar e político, de estratégias de resistência e combate anticolonial e anti-imperialista que definiram a reunificação da nação vietnamita, como República Socialista do Vietnã.