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    Comunicação

    Pássaro

    Pássaro   Aquilo que ontem cantava já não canta. Morreu de uma flor na boca: não do espinho na garganta.   Ele amava a água sem sede, e, em verdade, tendo asas, fitava o tempo, livre de necessidade.   Não foi desejo ou imprudência: não foi nada. E o dia toca em silêncio a desventura […]

    POR: Redação

    1 min de leitura

    Pássaro

     


    Aquilo que ontem cantava
    já não canta.
    Morreu de uma flor na boca:
    não do espinho na garganta.

     

    Ele amava a água sem sede,
    e, em verdade,
    tendo asas, fitava o tempo,
    livre de necessidade.

     

    Não foi desejo ou imprudência:
    não foi nada.
    E o dia toca em silêncio
    a desventura causada.

     

    Se acaso isso é desventura:
    ir-se a vida
    sobre uma rosa tão bela,
    por uma tênue ferida.

     

     

    Cecília Meireles

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