SONETO DO ESQUECIMENTO

 

Porque me esqueces é que me anoiteço:
o coração se envolve em névoa e sombra
e um lento desalento vem e assombra
a vida em  que, sei, não desanoiteço.

amanhã, ou depois, conheço
tua força de esquecer, que põe à sombra
de frio vazio a alma que se assombra
sob  estrelas de treva . Desconheço

caminhos de fugir. E tudo quanto,
tão esquecido assim, posso fazer
é procurar não me morrer enquanto

tarda o momento de resplandecer
o sol, o mar, o sonho, a flor, o canto
dessa clara  manhã de te esquecer.

Ruy Espinheira Filho – fonte:  http://vita-gotasdepoesia.blogspot.com.br