A Uma criança com meu Nome
A Uma criança com meu Nome
Um dia breve, tão logo possas ler com maior agilidade, este livro, meu pequeno Louis, irás ler com curiosidade.
Soletrando, verás o teu nome claramente impresso ali, por tipógrafos de Londres, lugar que fica longe daqui.
Nesta ocupada e imensa cidade, onde nada está perto, estão na gráfica guardadas as letras do nosso alfabeto.
Saibas que enquanto balbuciavas e não sabias ainda andar, estranhos já o conheciam, daqui ao mais distante lugar.
Sim, enquanto dormias teu sono de bebê, por essa região, e por todas as demais, este livro já corria de mão em mão; até as crianças lá do Oriente indagavam nos seus lares: “Mamãe, quem é este Luisinho, de tão distantes mares?”
Agora que terminaste a lição, deixe disto e venha brincar, nas areias de Monterey, catar conchas e as algas do mar; ver imergir imensas barbatanas de baleias sob a brisa, e minúsculos maçaricos no oceano de águas indecisas.
Posso vê-lo de novo a brincar, e a bruma que lhe envolvia, bem antes que soubesses ler, nos livros eu já o descrevia, não tinhas preocupações, e já meio mundo, segundo sei, o via a correr e a pular, Louis, pelas areias de Monterey!
Robert Louis Stevenson – Um jardim de poemas infantis
Tradução: Carmen Alice Saganfredo e A.S. Franckini