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    Comunicação

    A arte

    Sim, a obra sai mais belado árduo trabalho adverso,        seja elamármore, esmalte ou verso.   A afetação recusa! Para andares direito,         ó Musa, calça um coturno estreito.   Foge ao ritmo usado que, de tão cômodo, é        calçado que serve em qualquer pé.   Deixa a argila, estatuário, que entre […]

    Sim, a obra sai mais bela
    do árduo trabalho adverso,
           seja ela
    mármore, esmalte ou verso.

     

    A afetação recusa!
    Para andares direito,
            ó Musa,
    calça um coturno estreito.

     

    Foge ao ritmo usado
    que, de tão cômodo, é
           calçado
    que serve em qualquer pé.

     

    Deixa a argila, estatuário,
    que entre os dedos esmagas,
           se, vário,
    com o espírito divagas.

     

    E luta com o carrara
    e o páros – pedra dura
           e rara
    em que a forma se apura.

     

    Ou toma a Siracusa
    seu bronze em que, flagrante,
           se acusa
    o heril traço elegante.

     

    E que num veio de ônix
    por tua mão sutil
           se fixe
    o apolíneo perfil.

     

    Pintor, foge a aquatinta
    e fixa, antes, a cor,
          qual pinta,
    com o fogo, o esmaltador.

     

    Faze a glauca sereia
    que a cauda em contorções
           meneia
    e os monstros dos brasões;

     

    no seu nimbo trilobo,
    a Virgem e o Jesus;
          o globo
    tendo por cima a cruz.

     

    Tudo passa. A arte é eterna,
    se autêntica, em verdade.
           A herma
    sobrevive à cidade.

     

    E a medalha enterrada
    que pelo lavrador
            é achada
    mostra um imperador.

     

    Nem mesmo os deuses duram;
    porém, quando são tersos,
           penduram,
    mais do que o bronze, os versos.

     

    Cinzela, esculpe, lima;
    que o sonho evanescente
            se imprima
    no bloco resistente!

    Livro: Poesia
    Autor: Onestaldo de Pennafort
    Editora: Record
    Rio de Janeiro, 1987

     

    Théophile GAUTIER   (1811-1872)

    L’art

    Oui, l’oeuvre sort plus belle
    D’une forme au travail
    Rebelle,
    Vers, marbre, onyx, émail.

    Point de contraintes fausses !
    Mais que pour marcher droit
    Tu chausses,
    Muse, un cothurne étroit.

    Fi du rhythme commode,
    Comme un soulier trop grand,
    Du mode
    Que tout pied quitte et prend !

    Statuaire, repousse
    L’argile que pétrit
    Le pouce
    Quand flotte ailleurs l’esprit :

    Lutte avec le carrare,
    Avec le paros dur
    Et rare,
    Gardiens du contour pur ;

    Emprunte à Syracuse
    Son bronze où fermement
    S’accuse
    Le trait fier et charmant ;

    D’une main délicate
    Poursuis dans un filon
    D’agate
    Le profil d’Apollon.

    Peintre, fuis l’aquarelle,
    Et fixe la couleur
    Trop frêle
    Au four de l’émailleur.

    Fais les sirènes bleues,
    Tordant de cent façons
    Leurs queues,
    Les monstres des blasons ;

    Dans son nimbe trilobe
    La Vierge et son Jésus,
    Le globe
    Avec la croix dessus.

    Tout passe. – L’art robuste
    Seul a l’éternité.
    Le buste
    Survit à la cité.

    Et la médaille austère
    Que trouve un laboureur
    Sous terre
    Révèle un empereur.

    Les dieux eux-mêmes meurent,
    Mais les vers souverains
    Demeurent
    Plus forts que les airains.

    Sculpte, lime, cisèle ;
    Que ton rêve flottant
    Se scelle
    Dans le bloc résistant !

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