A luta contra o golpe continua
Os movimentos sociais preparam uma ofensiva contra possível governo Temer, com ações que vão ocorrer na próxima semana e devem se estender até 1º de maio, quando está sendo preparado ato contra o golpe ao governo Dilma.
Considerando improvável uma virada no Senado contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) anunciou uma ofensiva para a próxima semana com objetivo de resistir “ao golpe em curso no país e pela defesa dos direitos e programas sociais, ameaçados em um eventual governo (de Michel) Temer”. O movimento prepara bloqueios de rodovias e avenidas, ocupações e paralisações em dezenas de cidades brasileiras, que poderão ocorrer a qualquer momento durante a semana.
“Apesar do crescente de manifestações nas ruas, a Câmara se posicionou a favor do impeachment. Acreditamos que o mesmo vai ocorrer no Senado. O que precisa ficar claro é que um governo Temer não vai ter apoio popular e nem vida fácil para aprovar o seu projeto”, explicou o coordenador estadual do MTST em São Paulo, Josué Rocha.
O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stédile também avalia que o momento é de mirar no futuro. “Neste momento, temos que barrar o golpe e inviabilizar o governo Temer”, afirmou o líder sem-terra em entrevista ao programa Espaço Público, da TV Brasil. As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, da qual fazem parte os movimentos sem-terra e sem-teto, reúnem-se hoje para definir as ações do dia 1º de maio e outras mobilizações.
Stédile no entanto, ainda acredita que é possível vencer o impeachment no Senado e espera que isso leve a um governo totalmente diferente no Planalto. “Se nós conseguirmos barrar o impeachment no Senado, na verdade, o governo Dilma de 2014 e 2015 acabou. Nós teremos um outro governo, coordenado pelo Lula, que vai ter que reformar o ministério, e vai ter que adotar uma outra política econômica”.
Ele descartou a inclusão da proposta de novas eleições gerais na pauta de reivindicações do movimento. “O que a burguesia quer, no Brasil, não é trocar de presidente, é implementar um programa neoliberal para recuperar sua taxa de lucro e ela sair da crise. O povo, se me permitem, que se lasque. Qual é a arma que a classe trabalhadora tem neste momento? É dizer para a burguesia: ‘olha, nós não aceitamos plano neoliberal, não aceitamos perder direitos e não aceitamos perder salário’. Para ela dizer isso para os golpistas, tem que fazer uma paralisação nacional”, disse.
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA APROVADA PELA FRENTE BRASIL POPULAR NA REUNIÃO DA ÚLTIMA QUARTA-FEIRA, 20.
Vamos continuar a luta contra o golpe!
A Frente Brasil Popular, reunida nesta quarta-feira, dia 20 de abril, reafirma que não aceitará o golpe tramado por forças antidemocráticas, antipopulares e antinacionais que aspiram por retomar o governo federal à revelia das urnas, impondo um modelo econômico baseado na restrição dos direitos trabalhistas, dos programas sociais e da soberania nacional.
A votação na Câmara Federal, que denunciamos como fraude forjada pelos barões da corrupção, da plutocracia e da mídia, demonstrou que não havia qualquer crime de responsabilidade cometido pela presidenta Dilma Rousseff. A declaração dos deputados e deputadas, em nome de Deus e da família, com menções machistas, homofóbicas e racistas, foi só uma forma de camuflar a ruptura constitucional que estava sendo aplicada.
A Frente Brasil Popular conclama a sociedade brasileira a continuar nas ruas com atos, paralisações e manifestos e também continuar a organização dos comitês em defesa da democracia e contra o golpe nos municípios, escolas, universidades e categorias profissionais.
Convidamos também todos os movimentos e entidades do campo democrático a construir uma grande jornada contra o golpe no dia 1º de maio, com grandes concentrações por todo o país.
Orientamos igualmente à organização imediata de atividades regionais e setoriais que expressem a repulsa do mundo da cultura, do trabalho e da democracia contra o impeachment.
Demandamos à presidenta da República que prontamente reorganize seu ministério, com representantes das forças partidárias e sociais que conformam a resistência democrática. Este novo governo está chamado a adotar medidas emergenciais que protejam a renda e o emprego dos trabalhadores.
Não descansaremos um só minuto antes que o golpismo seja derrotado e o país possa retomar o rumo da normalidade constitucional. Não reconheceremos qualquer governo que tem origem no desrespeito e desprezo da legalidade democrática, inevitavelmente caracterizado pela ilegitimidade e o arbítrio.
Como em outros momentos difíceis da história brasileira, o povo estará à altura do desafio de derrotar os inimigos da Constituição e da democracia.
São Paulo, 20 de abril de 2016.
Frente Brasil Popular