Em sua toga branca e no solo encarnado,

César vencido jaz com toda a majestade.

O bronze de Pompeu olha na eternidade,

com seu verde sorriso, o corpo ensanguentado.

 

A alma que abandonou o homem apunhalado

por Brutus, que interpreta o ideal da liberdade,

ronda onde a morte dá, com gélida crueldade,

uma estranha beleza ao crime consumado.

 

Com seu enorme ventre a roncar fortemente,

no mármore do banco a tudo indiferente,

dorme profundamente um velho senador.

 

Pelo grande silêncio ele foi despertado.

E soa sua voz no recinto gelado:

— Voto pela coroa a César ditador!

 

Poemas da Liberdade
Uma antologia poética de Dante a Brecht
Edmundo Moniz
Civilização Brasileira
1967