O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) no Maranhão foi o partido que conseguiu eleger o maior número de prefeitos nas eleições municipais deste domingo (2). A legenda, que até 2016 contava com 14 prefeitos nas 217 cidades do estado, ampliou consideravelmente esse número, elegendo 46 prefeitos em municípios de todas as regiões maranhenses. Em 2012, o Partido elegeu cinco candidatos naquele estado, filiando os demais.

No comparativo com os candidatos eleitos em 2012, o PCdoB saiu de 13 prefeitos para 12 na Bahia, de cinco para dois no Piauí, de sete para oito no Ceará, de um para três no Rio Grande do Norte, perdeu três prefeituras em Pernambuco e manteve uma em Sergipe. Com isso, sai de 35 para 72 prefeituras nos estados nordestinos. Obteve uma primeira prefeitura gaúcha, desde 2012, e garantiu cinco de suas 11 prefeituras no Sudeste (uma em SP e no ES e três em MG). No Norte, o PCdoB manteve suas duas prefeituras no Acre, deixando a administração de duas cidades no AM e uma no AP.

À exceção do PSB, todos os partidos aliados do governo Flávio Dino cresceram de forma relevante a quantidade de prefeitos eleitos. Em segundo lugar ficou o PSDB, que passará a comandar 29 cidades a partir de janeiro de 2017. O PDT ficou em terceiro lugar com 26 prefeitos eleitos.

Maranhão dos Sarney

O crescimento do PCdoB é um reflexo da boa aceitação que a gestão do governador Flávio Dino (PCdoB) vem conquistando em todo o estado, que obteve 61% de aprovação, segundo pesquisa do Instituto Exata divulgada em julho deste ano. 

“Em meio a muita depreciação da atividade política por conta dos escândalos amplamente veiculados, é de se destacar que o nível de aprovação do governo e de confiança no governador Flávio Dino é muito elevado”, apontou a pesquisa. 

“Flávio Dino consegue manter um percentual elevado apesar do clima geral de pessimismo gerado pela crise econômica do País”, destacou o levantamento. 

Ao comentar o resultado das eleições municipais, o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) confirmou o fim da hegemonia da família e do grupo político do ex-presidente José Sarney (PMDB) no estado. A oposição ao PMDB maranhense conquistou 150 dos 217 municípios do Estado no primeiro turno. Quatro anos atrás, foram apenas 17. Somente o PCdoB, saltou de 14 prefeituras para 46.

“De um modo geral, quando olhamos os partidos no nosso campo, nós tivemos vitórias importantes não só no sentido quantitativo, mas também quantitativo. Nós ganhamos nas maiores cidades, vamos para o segundo turno na capital”, afirmou o governador em entrevista aoEstadão.

Pelas redes sociais, Flávio Dino destacou ainda que, “com o maior número de prefeituras do Estado, 46 ao todo, o PCdoB amplia suas responsabilidades no Maranhão”. 

“A tendência que nos levou ao governo do Estado em 2014 permanece forte. Busca de mudanças e gestões com mais resultados para o povo. Passada a eleição, conclamo todos os prefeitos para uma grande união em favor de mais serviços públicos de qualidade para população”, enfatizou.

Sobre o plano nacional, o governador maranhense apontou três pontos que considerada preocupante: 1) povo distante da política, levando à grande abstenção e ao êxito de supostos “não políticos”; 2) Crime organizado disputando espaços na e com a política, de várias formas, inclusive com uso aberto de violência; e 3) enfraquecimento da esquerda, que voltou ao tamanho de 1985, com uma diferença essencial: lá, curva ascendente, agora descendente.

“Contudo, penso que são marcas conjunturais, e não estruturais. Com ação consciente e determinada, tudo muda rapidamente”, reforçou Flávio Dino.

Esta foi a primeira eleição após a saída da família Sarney do governo do Maranhão, em 2014, quando Dino venceu a disputa e colocou fim em um ciclo de quase 50 anos de poder no Estado do grupo político do ex-presidente. 

O PCdoB saltou de 976 vereadores eleitos em 2012 para 1003 nesta eleição. Veja abaixo o gráfico de vereadores eleitos no Maranhão:

Segundo turno em 55 cidades

Os eleitores de 55 cidades votarão novamente, em segundo turno. O país tem 92 municípios com mais de 200 mil eleitores, mas apenas nessas 55 os candidatos não tiveram mais da metade dos votos válidos (excluídos os votos em branco e nulos). Isso representa um aumento em relação à eleição de 2012, quando 50 cidades tiveram segundo turno.

São Paulo é o Estado com maior número de municípios com 2º turno: 14. Em seguida, vem o Rio de Janeiro, com seis. Ainda no Sudeste, onde havia a possibilidade de nova consulta nas urnas em 50 cidades, o Espírito Santo contabiliza quatro, e Minais Gerais, três.

No Nordeste, de 16 cidades possíveis, serão 10 com nova votação, sendo quatro em Pernambuco, duas no Ceará, e uma na Bahia, Maranhão, Alagoas e Sergipe. Na região Norte, oito municípios poderiam ter segundo turno, mas isso só ocorrerá em quatro delas.

No Centro-Oeste, são apenas quatro de cinco cidades – duas em Goiânia, e uma no Mato Grosso e outra no Mato Grosso do Sul. Por fim, o Sul do Brasil contabiliza dez municípios com 2º turno, de 13 possíveis: são quatro no Rio Grande do Sul e três no Paraná e Santa Catarina.

Entre as capitais, haverá novo pleito nas seguintes cidades: Rio de Janeiro ,Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba, Manaus, Recife, Porto Alegre, Belém, Goiânia, São Luís, Campo Grande, Maceió, Cuiabá, Aracaju, Porto Velho, Florianópolis, Macapá e Vitória.

Desempenho partidário

Partido que conquistou o maior número de prefeituras no primeiro turno das eleições municipais, o PMDB lidera o ranking das prefeituras em três das cinco regiões do país. Em 2012, porém, o partido do presidente Michel Temer liderava em quatro das cinco regiões. A mudança no quadro regional foi causada pelo avanço do PSDB, que se consolidou na liderança das regiões Sudeste (onde já liderava em 2012) e no Centro-Oeste.

Em 2016, o PMDB conquistou 1.028 prefeituras municipais no primeiro turno. Em 2012, foram 1.021. Apesar de o PMDB ter conquistado mais prefeituras que nas eleições passadas, naquele ano, o partido liderava o ranking em quatro regiões: Norte (91), Nordeste (286), Sul (296) e Centro-Oeste (108). Em 2016, o partido lidera apenas em três: Norte (111), Nordeste (259) e Sul (304). Nas regiões Sudeste e Sul, o líder é o PSDB, com 316 e 296 prefeituras conquistadas, respectivamente.

O avanço mais significativo do PSDB se deu justamente na região Centro-Oeste, onde o partido mais que dobrou a quantidade de prefeituras conquistadas no primeiro turno. Saiu de 68 em 2012 para 152 em 2016.

A virada coincide com o momento vivido pelos governos dos Estados da região. Os três Estados (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás) são governados por tucanos: Pedro Taques (MT), Reinaldo Azambuja (MS) e Marconi Perillo (GO).

Essa liderança no Centro-Oeste pode ficar ainda maior se o partido conseguir vencer as disputas de segundo turno nas capitais Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT), onde candidatos tucanos estão na disputa.

Milionários em vantagem

A mudança na legislação eleitoral que passou a proibir doações de empresas a partidos e campanhas nessas eleições favoreceu quem tem altos patrimônios.

Dos 37 prefeitos já eleitos em cidades com mais de 200 mil habitantes, nada menos que 23 milionários declararam ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) terem patrimônio de R$ 1 milhão ou mais.

Os mais ricos da lista são Vittorio Medioli (PHS), de Betim (MG), que declarou bens no valor de R$ 352.572.936,23, João Doria (PSDB), eleito em São Paulo, com R$ 179.765.700,69, e o prefeito de Salvador (BA), ACM Neto (DEM), com R$ 27.886.721,62.

Mourão (PSDB), em Paia Grande (SP), e André (PSDB), em Governador Valadares (MG), são os 4º e o 5º colocados na lista dos mais ricos. Além de São Paulo e Salvador, Natal e João Pessoa são as outras capitais com prefeitos milionários. 

Parlamentares que deixam o Congresso

Dos 81 deputados candidatos, 10 foram eleitos em 1º turno, 16 disputarão em 2º turno e 55 não tiveram sucesso. Já entre os senadores, dos dois que disputaram somente o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) continua no pleito em 2º turno na capital carioca. Marta Suplicy (PMDB-SP) não foi eleita na disputa para a prefeitura da cidade de São Paulo.

Ao todo, 83 parlamentares ou 13,97% dos congressistas disputaram os cargos de prefeito e vice-prefeito nas eleições municipais de 2016. São 81 deputados federais, sendo 71 candidatos a prefeito e 10 a vice-prefeito, além de dois senadores, todos candidatos a prefeito.

Foram eleitos prefeitos, no primeiro turno, as deputadas Moema Gramacho (PT), em Lauro de Freitas (BA) ; Edinho Araújo (PMDB), em São José do Rio Preto (SP); Fernando Jordão (PMDB), em Angra dos Reis (RJ); Marcelo Belinati (PP), em Londrina (PR); Odelmo Leão (PP), em Uberlândia (MG); Dr. João (PR), em São João do Meriti (RJ); Fabiano Horta (PT), em Maricá (RJ) e Arnon Bezerra (PTB), em Juazeiro do Norte (CE).

Também foram eleitos como vice-prefeito, os deputados Manoel Junior (PMDB), na chapa de Luciano Cartaxo (PSD) em João Pessoa (PB) e Bruno Covas (PSDB) na chapa de João Dória (PSDB) em São Paulo (SP).

Vão concorrer ao segundo turno das eleições as deputadas Margarida Salomão (PT), em Juiz de Fora (MG); Eli Correa Filho (DEM), em Guarulhos (SP); Sergio Vidigal (PDT), em Serra (ES); Cícero Almeida (PMDB), em Maceió (AL); Washington Reis (PMDB), em Duque de Caxias (RJ); Alex Manente (PPS), em São Bernardo do Campo (SP); Anderson Ferreira (PR), em Jaboatão dos Guararapes (PE); Valadares Filho (PSB), em Aracaju (SE); Duarte Nogueira (PSDB), em Ribeirão Preto (SP); Max Filho (PSDB), em Vila Velha (SP); Nelson Marquezan Júnior (PSDB), em Porto Alegre (RS); Edmilson Rodrigues (Psol), em Belém (PA); Luiz Carlos Busato (PTB) em Canoas (RS) e Aliel Machado (Rede), em Ponta Grossa (PR).

O deputado Moroni Torgan (DEM) concorre ao cargo de vice-prefeito de Fortaleza na chapa de Roberto Cláudio (PDT) e Marcos Rotta (PMDB) também é candidato a vice no segundo turno na chapa de Arthur Virgílio Neto (PSDB).  

Vereadores mais e menos votados

Com mais de 300 mil votos recebidos, Eduardo Suplicy (PT-SP) foi o vereador mais votado nas eleições deste domingo (2). O ex-senador ficou em primeiro lugar entre os candidatos em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Porém, proporcionalmente, os 5,62% recebidos por ele de eleitores não foi a maior votação entre vereadores de capitais brasileiras.

O vereador com maior porcentagem de votação entre as capitais do país é de Maceió. Produtor de filmes adultos, Lobão (PR-AL) se elegeu com 24.969 votos. O número representa 6,01% do total de votos da cidade. O jornalista Jorge Kajuru (PRP-GO) também teve uma porcentagem de votos maior que a de Suplicy: 5,65%. 

Confira a lista dos vereadores mais votados do país:

Vereadores mais votados do país

1.Eduardo Suplicy (PT) (São Paulo) – 301.446 (5,62%)
2.Milton Leite (DEM) (São Paulo) – 107.957 (2,01%)
3.Carlos Bolsonaro (PSC) (Rio de Janeiro) – 106.657 (3,65%)
4.Tarcísio Motta (Psol) (Rio de Janeiro) – 90.473 (3,10%)
5.Tripoli (PV) (São Paulo) – 88.843 (1,66%)
6.Conte Lopes (PP) (São Paulo) – 80.052 (1,49%)
7.Mario Covas Neto (PSDB) (São Paulo) – 75.593 (1,41%)
8.Cesar Maia (DEM) (Rio de Janeiro) – 71.468 (2,45%)
9.Eduardo Tuma (PSDB) (São Paulo) – 70.273 (1,31%)
10.Adilson Amadeu (PTB) (São Paulo)- 67.071 (1,25%)

Vereadores com maior % de votos em capitais

1.Lobão (PR) (Maceió) – 24.969 (6,01%)
2.Jorge Kajuru (PRP) (Goiás) – 37.796 (5,65%)
3.Eduardo Suplicy (PT) (São Paulo) – 301.446 (5,62%)
4.Pedrão (PP) (Florianópolis) – 11.197 (4,63%)
5.Fabrício Gandini (PPS) (Vitória) – 7.611 – (4,21%)
6.Carlos Bolsonaro (PSC) (Rio de Janeiro) – 106.657 (3,65%)
7.Tereza Nelma (PSDB) (Maceió) – 14.991 – (3,61%)
8.Denninho (PPS) (Vitória) – 6.167 – (3,41%)
9.Iran Barbosa (PT) (Aracaju) – 8.809 – (3,18%)
10.Tarcísio Motta (Psol) (Rio de Janeiro) – 90.473 (3,10%)

Vereador com menor % de votos

O coeficiente eleitoral (que passa votos de candidatos com muitos votos para pessoas do partido) também auxilia que candidatos sem muitos votos ganhem a eleição. No país, o candidato com menor porcentagem de votos que se elegeu é Italo Ciba (PTdoB-RJ). De acordo com dados do TSE, ele teve 6.023 votos. O número representa 0,21% dos votos válidos no Rio de Janeiro.

Entre os dez vereadores que se elegeram com menos votos, cinco são do Rio de Janeiro, dois de São Paulo, dois de Belo Horizonte e um de Fortaleza. Entre partidos, quatro são do PHS, dois são do Psol. PTdoB, PPS e PSC têm um eleito cada.

Menos votados e eleitos (capitais)

1. Italo Ciba (PTdoB) (Rio de Janeiro) 6.023 (0,21%)
2. Sâmia Bonfim (Psol) (São Paulo) 12.464 (0,23%)
3. David Miranda (Psol) (Rio de Janeiro) 7.012 (0,24%)
4. Osvaldo Lopes (PHS) (Belo Horizonte) 3.018 (0,25%)
5. Dummar Ribeiro (PPS) (Fortaleza) 3.115 (0,25%)
6. Otoni de Paula Jr. (PSC) (Rio de Janeiro) 7.801 (0,27%)
7. Zico Bacana (PHS) (Rio de Janeiro) 7.932 (0,27%)
8. Osvaldo Lopes (PHS) (Belo Horizonte) 3.341 (0,28%)
9. Zé Turin (PHS) (São Paulo) 14.957 (0,28%)
10. Jair da Mendes Gomes (PMN) (Rio de Janeiro) 8.112 (0,28%) 

A vitória de brancos, nulos e ausências

Em nove capitais, o número de votos brancos, nulos e de eleitores que não compareceram foi maior do que do candidato que ficou em primeiro lugar. A situação aconteceu nos dois maiores colégios eleitorais do país. Em São Paulo, João Dória (PSDB) ganhou a eleição no 1º turno com 3.085.187 votos. O número é menor do que a soma de votos brancos e nulos e ausências: 3.096.304.

No Rio de Janeiro, a situação também se repetiu. Mesmo que fossem somados os votos dos dois candidatos que passaram para o 2º Turno, o número ainda é menor do que votos inválidos e ausências. O total de brancos, nulos e abstenções no Rio é 1.866.621. Marcelo Crivella (842.201) e Marcelo Freixo (553.424) somam 1.395.625 votos.

Além de São Paulo e Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belém (PA), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS) e Aracaju (SE) também tiveram mais votos inválidos do que o primeiro colocado nas eleições. 

Confira lista:
Aracaju (SE)
Eleitores: 397.228
Soma de votos brancos, nulos e abstenções: 139.723
1º lugar: Edvaldo Nogueira (PCdoB) 99.815

Belém (PA)
Eleitores: 1.043.219
Soma de votos brancos, nulos e abstenções: 365.731
1º lugar Zenaldo Coutinho (PSDB) 241.166

Belo Horizonte (MG)
Eleitores: 1.927.456
Soma de votos brancos, nulos e abstenções: 741.915
1º lugar João Leite (PSDB) 395.952

Campo Grande (MS)
Eleitores: 595.172
Soma de votos brancos, nulos e abstenções: 167.922
1º lugar Marquinhos Trad (PSD) 147.694

Cuiabá (MT)
Eleitores: 415.098
Soma de votos brancos, nulos e abstenções: 127.987
1º lugar Emanuel Pinheiro (PMDB) 98.051

Curitiba (PR)
Eleitores: 1.289.204
Soma de votos brancos, nulos e abstenções: 360.348
1º lugar Rafael Greca (PMN)356.539

Porto Alegre (RS)
Eleitores: 1.098.517
Soma de votos brancos, nulos e abstenções: 382.535
1º lugar Nelson Marchezan Júnior (PSDB) 213.646

Porto Velho (RO)
Eleitores: 319.941
Soma de votos brancos, nulos e abstenções: 106.844
1º lugar Dr. Hildon (PSDB) 57.954

Rio de Janeiro (RJ)
Eleitores: 4.898.044
Soma de votos brancos, nulos e abstenções: 1.866.621
1º lugar Crivella 842.201

São Paulo (SP)
Eleitores: 8.886.195
Soma de votos brancos, nulos e abstenções: 3.096.304
1º lugar João Dória 3.085.187 

PT perde 60% das prefeituras

Com 256 eleitos, legenda conquistou apenas uma capital. Desempenho no Nordeste, em particular na Bahia, também foi decepcionante.

É uma queda de 60% em comparação a 2012, quando o Partido dos Trabalhadores foi bem-sucedido em 638 candidaturas. Os despojos dividiram-se por uma miríade de siglas, sobretudo do campo conservador. Entre os principais partidos, o PSDB, o PSD, o PDT e o PCdoB tiveram um resultado superior ao das eleições passadas.

A diminuição no número de eleitos foi amplificada por derrotas que simbolizaram o isolamento político e a dificuldade de articulação do partido, como em São Paulo.

Marcus Alexandre, único petista eleito no primeiro turno nas capitais, foi escolhido para mais um mandato em Rio Branco, no Acre, e recebeu 54% dos votos. No Recife, João Paulo segue na disputa com o atual prefeito Geraldo Julio, do PSB, que por pouco não foi eleito já neste domingo.

Em 2012, o PT havia eleito quatro prefeitos nas capitais: além da capital paulista, a legenda conquistou os municípios de Rio Branco, Goiânia e João Pessoa.

No Nordeste, o PT também perdeu espaço. Em 2012, a legenda conquistou 187 prefeituras na região. Neste ano, foram 116 até o momento. Na Bahia, governada pelo partido desde 2007 e um de seus redutos eleitorais mais relevantes, o PT caiu de 92 para 40 prefeituras.

Um em cada cinco prefeitos eleitos pelo partido em 2012 pediu desfiliação ou foi expulso e quase um quarto dos candidatos do partido concorreu sem apoio de outros partidos.

A campanha de Haddad surgia em quarto lugar nas pesquisas durante boa parte da campanha. Terminou em segundo, à frente de Celso Russomanno (PRB) e Marta Suplicy (PMDB), com 16,7% dos votos. Sua votação foi pouco superior à soma de brancos e nulos no município, que chegou a 16,6%.

Na Região Sul, o partido elegeu 69 prefeitos. Raul Pont despontava com chances de ir ao segundo turno em Porto Alegre, mas acabou ficando em terceiro lugar, com 16% dos votos.

Assim como no Rio de Janeiro e São Paulo, o voto do campo progressista na capital gaúcha dividiu-se entre a candidatura do petista e a de Luciana Genro, do PSOL, que terminou em quinto lugar com 12%. Nas três capitais, o único candidato de esquerda ainda vivo na disputa é Marcelo Freixo, do PSOL.

Os resultados nos municípios paulistas também foram negativos. A legenda elegeu apenas oito prefeitos. No máximo chegará a 10: disputa o segundo turno em Mauá, representada por Donisete Braga, e em Santo André, com Carlos Grana. 

Em São Bernardo do Campo, berço político do partido e do ex-presidente Lula, o petista Tarciso Secoli, candidato à sucessão de Luis Marinho, ficou em terceiro lugar, com 22,5% dos votos. Disputarão o segundo turno Orlando Morando, do PSDB, e Alex Manente, do PPS. Antes das eleições, quase metade dos prefeitos eleitos no estado de São Paulo havia deixado o partido. 

PSOL carioca

O PMDB manteve a maior bancada da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com dez vereadores eleitos no domingo 2, cerca de 20% dos 51 integrantes da Casa. Apesar disso, o partido perdeu bastante representatividade, já que atualmente o PMDB tem 18 vereadores.

A grande novidade do legislativo carioca é o PSOL, que conquistou o segundo maior número de parlamentares: seis. O maior puxador foi Tarcísio Motta, segundo vereador mais votado da capital fluminense, com 90.387 votos. Outro destaque é Marielle Franco, quinta colocada no ranking, com 46.467 votos.

O PSOL também está no segundo turno das eleições para a prefeitura do Rio de Janeiro. Marcelo Freixo obteve 18,26% dos votos válidos e vai enfrentar nas urnas o ex-ministro Marcelo Crivella (PRB), que alcançou 27,78% dos votos e é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus.

Com um dos programas eleitorais mais curtos desta eleição (apenas 11 segundos no rádio e na tevê), Freixo desbancou seu principal adversário, Pedro Paulo, que tinha a máquina a seu favor: candidato do atual prefeito Eduardo Paes, o peemedebista obteve 16,12% dos votos válidos.

Juventude golpista

Integrantes do movimento MBL, que se dizia “apartidário”, conquistaram a prefeitura de Monte Sião (MG) e sete vagas de vereador, quatro delas pelo PSDB.

O Movimento Brasil Livre, um dos grupos que liderou os protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff desde 2015, conseguiu eleger oito dos 45 candidatos que apoiou. Para obter esse aproveitamento, de 17%, o grupo elegeu um prefeito no interior de Minas Gerais e sete vereadores, sendo três no estado de São Paulo, dois no Paraná e outros dois no Rio Grande do Sul.

Em maio, reportagem do portal UOL mostrou que manifestações do MBL eram financiadas por partidos. No grupo estavam DEM, PSDB, SD e PMDB, todos opositores do PT. No mesmo período, o movimento confirmou que lançaria candidatos e abandonou o rótulo de apartidário, passando a se dizer “suprapartidário”. Na busca por alterar sua imagem, o grupo apagou postagens em suas redes sociais nas quais se definia como “apartidário”.

Nas eleições municipais, o grupo lançou 45 candidatos, um a prefeito e 44 a vereador. Os partidos com mais filiados do MBL eram o PSDB e o DEM, com dez cada um.

Zé Pocai (PPS), do MBL, se tornou no domingo o novo prefeito de Monte Sião (MG), após obter 5,9 mil votos e derrotar João Paulo (PROS), que teve 4,8 mil e Paio (PSDB), que ficou com 2,9 mil. O município não tem segundo turno. 

A vitória mais significativa do MBL é a de Fernando Silva Bispo, o Fernando Holiday, eleito vereador em São Paulo pelo DEM com pouco mais de 48 mil votos. Estudante negro de 20 anos, Holiday se notabilizou por vídeos nos quais criticava o sistema de ações afirmativas e cotas raciais. Durante a campanha, Holiday e seus colegas de MBL fizeram campanha para Doria e seu vice, Bruno Covas.

Em Porto Alegre, outra capital, o MBL elegeu Ramiro Rosário pelo PSDB, com 4,6 mil votos. Além deles, foram eleitos pelo grupo Filipe Barros (PRB), em Londrina (PR); Leonardo Braga (PSDB), em Sapiranga (RS); Caroline Gomes (PSDB), em Rio Claro (PSDB); Marschelo Meche (PSDB), em Americana (SP); e Homero Marchese (PV), em Maringá (PR).

Carlismo forte em Salvador
Em 2012, exatos 11 anos após a renúncia de ACM, que voltou ao Senado em 2004, ACM Neto foi eleito prefeito de Salvador pelo DEM. Naquele ano completavam-se 45 anos da chegada do avô dele à prefeitura soteropolitana pelas mãos da ditadura civil-militar, em 1967. Diferentemente do avô, contudo, Neto adotou um estilo “paz e amor” de governar. Ele foi reeleito neste domingo, com 74% dos votos válidos.

A vitória confirma que o neto de ACM fez ressurgir um ‘carlismo’ renovado: menos truculento e mais negociador. Isso o coloca como virtual candidato ao governo do estado em 2018. Para isso, Neto deixou o acrônimo do avô de lado para reforçar a própria marca e dialogar com o eleitorado jovem.

Neto, por enquanto, recuperou o DEM em aliança com o PSDB. Fez isso atraindo o PMDB do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), com quem deve travar agora uma disputa para construir uma candidatura forte contra o PT na eleição estadual daqui dois anos.

Neto amarrou o PMDB a si ao colocar seu amigo e ex-assessor, Bruno Reis, no partido de Geddel. Depois, alçou Reis a vice na sua chapa de reeleição. Ele deve usar a prefeitura como moeda de troca para forçar Geddel a um acordo em 2018.

A derrubada de Dilma por Temer e o ambiente anti-PT devem acirrar o ânimo de Geddel para enfrentar o governador petista Rui Costa. O perfil que Neto está construindo é do voto de convergência do antipetismo na Bahia.

O perfil ‘paz e amor’ de Neto à frente da prefeitura contrasta com um dos momentos mais espetaculosos de sua biografia, quando o palavreado calmo de moço rico e bem educado o aproximou do coronelato dos tempos biônicos de ACM, o avô.

Em 2005, o deputado de primeira viagem prometeu dar “um surra” no ex-presidente Lula por, supostamente, ter pedido à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorá-lo. O episódio veio à tona nas eleições de 2012, trazido pelo petista Nelson Pelegrino e acabou levando a disputa pela prefeitura da capital baiana para o segundo turno. Neto precisou gravar um vídeo de campanha se dizendo arrependido da prometida surra, reconhecendo que reagiu “realmente de uma forma indevida”, creditando a surra prometida a pouca experiência dos seus então 26 anos.

A lição foi assimilada. Na eleição deste ano, ele não compareceu a debates de televisão, restringindo-se ao debate na emissora de sua família, afiliada da Rede Globo.