Depois de o presidente da República Michel Temer (PMDB) ser eleito o Brasileiro do ano pela revista Istoé e o presidente eleito norte-americano Donald Trump ser escolhido a personalidade de 2016, pela revista Times, chegou a vez da presidente cassada Dilma Rousseff pontuar em uma das listas de fim de ano. Eleita pelo jornal britânico Financial Times como uma das mulheres do ano, Dilma divide a lista com personalidades como a democrata Hillary Clinton e a ginasta Simone Biles.

Uma mulher exercendo autoridade é considerada dura, enquanto um homem é chamado de forte’, disse a ex-presente brasileira Dilma Rousseff em entrevista ao Financial Times.

Em Porto Alegre, Dilma falou sobre o golpe, o governo ilegítimo e as dificuldades enfrentadas na crise econômica brasileira. Para ela, o governo à frente do País hoje é formado por “velhos brancos ricos ou, pelo menos, daqueles que querem ser ricos”. Quando o peemedebista assumiu o poder, o jornal fez um perfil dizendo que ele tem “aparência gótica” e “vida pessoal picante”. “O processo de corrupção é feito nas sombras, e os corruptos fazem de tudo para que permaneça assim”, diz Dilma.  

Dilma falou ao jornal britânico sobre a “impressionante mudança” de sorte e sobre seus planos futuros. De acordo com a publicação, Dilma é vista como uma mulher mal-humorada mas, pessoalmente, é amigável e informal.

Para o jornal, Dilma está mais para uma “tecnocrata nerd” que para uma política nata. “Ela nunca está mais feliz do que quando discute os detalhes íntimos do Orçamento federal, com a ajuda do PowerPoint”, diz o texto. “Durante uma recessão, praticar política de austeridade é como suicídio”, disse Dilma ao FT.

De acordo com a publicação, Dilma é vista publicamente como uma mulher mal-humorada mas, pessoalmente, é amigável e informal. Além disso, ela é chamada pelo texto de dogmática. 

A entrevista reafirma que Dilma, ao contrário de muitos políticos brasileiros, não é uma pessoa corrupta, e também relembra que contra a ex presidente não há acusações na justiça. 

A publicação enfatiza que, apesar do processo de impeachment, muitos políticos que são réus na justiça continuam no governo.”Para uma mulher que acabou de suportar um duro período de seis meses de julgamento político, que resultou em seu impeachment, a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff parece incrivelmente relaxada”, avaliou logo no início da entrevista o chefe da sucursal do FT no Brasil, Joe Leahy. 

A Financial Times ressalta ainda todos os episódios que eclodiram no impeachment da presidente cassada e chama Lula de “um guerrilheiro marxista”. 

“Nascida em 1947 na cidade mineira de Belo Horizonte, no sudeste do Brasil, a professora brasileira e advogada comunista búlgara, começou a combater a ex-ditadura militar do país, com apenas 16 anos”, diz o jornal. “Ela foi torturada, uma experiência que fez com que seus oponentes no processo de impeachment soubessem que ela iria resistir a qualquer coisa [ao invés de renunciar]”, afirma o texto.

A entrevista com a “primeira mulher presidente do maior país da América Latina” foi concedida em um hotel em Porto Alegre. Dilma, que tem 68 anos, enfatizou sua nova paixão: andar de bicicleta – um hobby que adquiriu ainda quando estava no Palácio do Planalto e que continua a praticar na capital gaúcha, onde começou sua carreira política. “A melhor coisa que um ser humano pode fazer é andar de bicicleta. Você pode dar um passeio, mas a bicicleta lhe dá uma sensação muito maior de liberdade”, afirma Dilma durante a entrevista.

Em entrevista para a matéria, Dilma disse que não pretende disputar mais nenhum cargo eletivo, embora siga ‘politicamente ativa'”.

VEJA A SELEÇÃO DO FT PARA MULHER DO ANO: 

Este tem sido um ano e tanto para as mulheres no cenário mundial. Depois da agitação política dos resultados do referendo da União Europeia, Theresa May tornou-se primeira-ministra britânica em julho, assumindo o desafio de liderar a Grã-Bretanha para fora da Europa. Quatro meses depois, Hillary Clinton enfrentou uma ignominiosa derrota nas mãos do eleitorado norte-americano.

Vimos como as mulheres derrubaram novos recordes mundiais no Rio, dominaram nossa visão da televisão com as suas criações e fizeram campanha para os seus próprios direitos e os dos outros.

A edição especial anual de FT Revista Weekend celebra as realizações das mulheres (e narra suas falhas). Com entrevistas conduzidas por escritores do FT em todo o mundo e através de fotos exclusivas, destacam-se políticas, empresárias, artistas e atletas que moldaram este ano tumultuado. Começamos dentro do Número 10 da Downing Street [Londres].

Theresa May, Primeira-ministra britânica

É importante que não demoremos para sair ou as pessoas perderão a fé em seus políticos.

 

Simone Biles, a melhor ginasta do mundo

Às vezes eu vou fazer uma rotina e penso: eu consegui tudo? Outras vezes eu perco a cabeça. É tipo, como eu consegui fazer isso?

Jean Liu, Presidenta da Didi Chuxing

A guerra com o Uber. . . na verdade eu não queria dizer guerra, porque não era uma guerra… A guerra é de curto prazo quando falamos sobre a construção de alguma coisa que é de longo prazo.

Dilma Rousseff, presidenta brasileira destituída

Por que eu cairia na tentação de me amarrar a uma das colunas do palácio? Porque nesta fase, a melhor arma é a crítica, a conversa, o diálogo, o debate.

Mary Berry, Rainha da confeitaria britânica
Eu planejo tudo que faço. Separo minhas roupas na noite anterior que vou usá-las. Faço listas… Eu tenho uma disciplina. Gosto de agarrar a urtiga com força pra não me queimar. 

Maria Grazia Chiuri, a primeira mulher a comandar a Dior

A Feminilidade é mercurial: você não deve se deixar prender na camisa de força de um tipo. A moda é um diálogo com outras mulheres.

Njideka Akunyili Crosby, Artista

A representação importa. Por isso que coisas como #OscarTãoBranco acontecem. As pessoas querem se ver. É o que faz você sentir que você importa na sociedade em que você existe.

Margrethe Vestager, da Comissão de Competição da União Europeia

Eu acho que eu sou como qualquer outro. Respeito as outras pessoas e, naturalmente, espero que isso funcione como uma via de mão dupla.

 

Phoebe Waller-Bridge & Vicky Jones, criadoras do drama de TV Fleabag

Nós entendemos cada uma muito claramente. Ambas temso aquele senso de “nós não temos permissão rpa fazer isso, mas vamos fazer de qualquer jeito”. Só por irreverência e diversão.

 

PERFIS:

Hillary Clinton, ex-candidata presidencial

O fracasso de Clinton deve-se mais ao fato de que ela personificou o establishment do que por seu gênero. Ela certamente será assombrada por seus maus passos.

Jo Cox, uma política tardia de Yorkshire

A membro trabalhista do Parlamento passou seus dias exsudando uma qualidade que pode parecer insuficiente nestes tempos rancorosos: empatia

Zaha Hadid, a mulher que mudou a arquitetura

Ela era taxada de difícil, uma diva, que é talvez um outro modo de dizer que ela tinha a autoconfiança para construir designs que pareciam desafiar as leis da física.

Beyoncé, música, empresária, ativista e ícone.

Na era de Barack Obama, Queen B ressignificou as expectativas do que pode ser alcançado por uma pessoa negra no mundo ocidental. 

Park Geun-hye, presidenta da Coréia do Sul

Uma vez dama de aço, ela tem sido reavaliada como uma marionete, em meio a reivindicações turbulentas e muitas vezes lascivas.

Rahaf, professora e refugiada

Até que a luta começasse, ela estava vivendo uma vida normal. Então, uma noite em 2013, grávida de seu primeiro filho, ela fugiu, deixando seu marido para cuidar de sua casa.

Sushma Swaraj, ministra de relações exteriores da India

Através de seu feed do Twitter, Swaraj respondeu a súplicas de ajuda de índianos ultramarinos capturados em conflitos armados, confrontando problemas legais ou médicos.

Kellyanne Conway, coordenadora de campanha de Donald Trump

Ela convenceu Trump a usar um teleprompter e afastou-o de algumas de suas mais divisivas retóricas, ajudando-o a derrotar alguns republicanos.

Latifa Ibn Ziaten,

‘Em 11 de março de 2012, meu filho Imad foi morto a tiros. No necrotério, prometi-me que eu faria tudo para entender o porquê’ 

Quarraisha Abdool Karim, premiada epidemiologista

HIV, gravidez prematura e ciclos viciosos de pobreza e dependência significam que o potencial de mulheres jovens termina logo no começo.